Considerações sobre o Brasil

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A imagem do Brasil no exterior sempre foi de um país exótico. Talvez esse rótulo já apresentasse uma forma de diminuir a nação brasileira com relação aos novos parâmetros do conhecimento. Aliado ao clichê de “país tropical”, das escolas de samba, das mulatas esculturais, das praias e do futebol, ainda vivenciamos as mazelas da indústria do turismo sexual e da prostituição infanto-juvenil. Mas como está o Brasil?

Em um país gigante com tanta riqueza natural, com uma população sedenta de progresso e crescimento, onde “tudo o que se planta dá”, o que se vê é a máquina do desenvolvimento emperrada. Que reflexão podemos fazer dessa situação? Onde estamos errando? Parece até que existe em curso um Plano de Desconstrução Nacional.

O “País do Futuro” está fracassando no presente. Tanta luta pela liberdade democrática travada por corajosos idealizadores de um novo país economicamente forte e socialmente justo, com a multiplicação das raças e culturas, parece que foi em vão.

O Brasil tem passado por situações terríveis, obscuras e maquiavélicas. Perdemos no acidente de Alcântara nossos melhores cientistas, as mentes mais brilhantes do país. Estamos a cada dia entregando nossas riquezas vegetais e minerais às empresas estrangeiras, como é o caso do Nióbio, entre outros.

Nossa maior empresa nacional, a Petrobrás, está quebrada, devendo fortunas ao capital estrangeiro, pronta para ser entregue de bandeja na mão das corporações internacionais. Nossa engenharia foi desmoralizada como se todos da área estivessem envolvidos nas falcatruas cometidas por políticos e empresários inescrupulosos. Hoje o que presenciamos são grandes empreiteiras que eram orgulho nacional no ramo da construção e da infraestrutura totalmente paralisadas, com as obras e o capital bloqueados. Foram arrastadas para a lama por políticos mal-intencionados.

A população não entendeu ainda a gravidade da situação do Brasil. Continua essa guerra ridícula entre “coxinhas” e “pão com mortadela”. É a falta de visão do caos em que o país está mergulhado com desemprego em massa e uma recessão que atinge a todos, com exceção dos donos da JBS, que, mesmo depois de roubar o nosso país, foram liberados para viver na luxúria no exterior; ainda por cima, com autorização da justiça brasileira.

A democracia precisa ser fortalecida e a sua maturidade só será alcançada através de um exercício contínuo de governança livre, sujeita a erros, acertos e ajustes. Ouvem-se gritos pela volta da ditadura, entretanto quem não passou por uma ditadura não sabe o valor da liberdade ampla. Ditadura nunca mais, nem de direita, nem de esquerda e nem jurídica. A palavra ditadura deve ser banida das nossas conversas e do nosso futuro, pois o futuro é uma pílula manipulada no passado pelo laboratório do tempo, e o tempo mostrou no passado a importância da democracia.

O que vejo e sinto é um povo brasileiro sedento de justiça social, de emprego para manter a sua dignidade, de educação e saúde com qualidade para todos. E mantendo a fé, já que a esperança está esquálida e desbotada, o que nos resta é ficarmos unidos e sólidos, pois não podemos ser massa de manobra de uma meia dúzia de parasitas que estão nos três poderes sugando de todas as formas o nosso país.