Por professor Sérgio Nogueira
Um elefante branco é algo grandioso, com aparência magnífica, mas que cria muitos problemas ou provoca grandes prejuízos devido ao trabalho ou despesas que dá.
Dizem que na Tailândia havia uma prática antiga: toda vez que o rei queria arruinar um inimigo, dava-lhe um elefante branco. Por tratar-se de um animal sagrado, o presenteado não podia desfazer-se do elefante branco. É como diz o professor Antenor Nascentes no seu Tesouro da Fraseologia Brasileira: “…e a despesa com a manutenção bastava para comprometer as mais sólidas fortunas”.
Quanto ao bode, primeiro é importante observarmos que expiatório se escreve com “x”. Um bode expiatório não é, como alguns imaginam, um cara chato que anda espiando os outros. Não é um “bode espião”.
Expiatório vem do verbo expiar (=penar), e não de espiar (=espionar, olhar, observar). O tal bode expiatório é aquele que paga pelas culpas alheias, é quem pena pelos outros.
A origem é bíblica. Os hebreus tinham o costume de, anualmente, fazer uma festa para aplacar a ira divina. Um bode, após receber todas as maldições, era jogado no deserto. Sua função era expiar (=redimir, purificar) a culpa do povo. Daí o bode expiatório.
Verbos
Eu REAVEJO ou REAVENHO?
Nenhum dos dois.
O verbo REAVER é defectivo:
a) no presente do indicativo, só há: nós REAVEMOS e vós REAVEIS;
b) no presente do subjuntivo, nada;
c) no pretérito e no futuro, segue o verbo HAVER: reouve, reavia, reouvera, reaverei, reaveria, reouvesse, reouver, reavendo, reavido…
Como não existem as formas “reavejo” e “reavenho”, a solução é “eu estou reavendo” ou substituir por um sinônimo: “eu recupero”.
REAVERAM ou REAVIRAM?
É a “famosa” dúvida do nada com coisa alguma. Nenhum dos dois.
O certo é REOUVERAM, porque REAVER é derivado do verbo HAVER:
Ele houve – ele REOUVE
Nós houvemos – nós REOUVEMOS
Eles houveram – eles REOUVERAM
Se eu houvesse – se eu REOUVESSE
Quando ele houver – quando ele REOUVER
REAVER não é “ver de novo”. REAVER é “haver de novo”, por isso deve seguir o verbo HAVER.
O desafio
Que significa bancarrota?
a) quebra, falência ou insolvência;
b) pobreza extrema, indigência, miséria;
c) emigração, saída, retirada.
Resposta:
Letra (a) = bancarrota vem do italiano banca (=banco) + rotta (=quebrado). Quando alguém está na bancarrota é porque está na ruína, faliu, quebrou. Quem está na pobreza extrema (indigência, miséria) está na penúria; e emigração (saída, retirada) pode ser êxodo.
Dúvidas do leitor
1ª) Leitor quer saber se, na linguagem popular do Brasil, uma das acepções de medrar é “ter medo”.
Meu caro leitor, como você bem sabe, o significado original de medrar é “fazer crescer, prosperar, progredir, desenvolver-se, melhorar”. No dicionário Aurélio, encontramos um célebre exemplo de Castro Alves: “Lá no solo onde o cardo apenas medra / Boceja a Esfinge colossal de pedra / Fitando o morno céu”.
É importante, entretanto, saber que tanto o dicionário Houaiss quanto o novíssimo Aurélio já registram o verbo medrar com a acepção de “ter medo”. No dicionário Houaiss, encontramos um típico exemplo da linguagem falada brasileira: “O time medrou diante do adversário”.
2ª) A BAIXO ou ABAIXO?
DEBAIXO ou DE BAIXO?
EMBAIXO ou EM BAIXO?
A BAIXO = só na expressão “de cima a baixo”: “Examinou tudo de cima a baixo”;
ABAIXO = nas demais situações: “Veio tudo abaixo”; “Posicionou-se abaixo de mim”;
DEBAIXO DE = quando estiver seguido da preposição DE: “Escondeu-se debaixo da mesa”;
DE BAIXO = nas demais situações: “Mora no andar de baixo”;
EMBAIXO (sempre junto) = DEBAIXO DE: “Escondeu-se embaixo da mesa”.
Existe “em baixa”: “O mercado de imóveis está em baixa”.