Você é resiliente na hora da crise?

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Heli Gonçalves Moreira
Heli Gonçalves Moreira

Por Heli Gonçalves Moreira*

Crise é algo normal e democrático, atinge a vida profissional e pessoal de todos, em algum momento. O que difere é como ela é enfrentada, afinal, mudanças nem sempre são bem-vindas, pois podem significar alterações bruscas nos processos diários. E nem todos estão dispostos a passar por isso.

Mesmo assim, crises mais profundas exigem medidas mais eficazes para que realmente se solucione o problema. Muitos tentam ignorar o fato, achando que é algo temporário e que se resolverá sozinho ou, ainda mais extremo, desiste da luta. No caso de empresas, pode resultar na falência.

É pouco provável que a falência seja a saída ideal para uma crise e é nesse momento que entra em campo a resiliência, característica que se permite tomar decisões em momentos delicados, com assertividade e coragem de realizar ações que acarretem em mudanças bruscas, ou ainda, em busca por alternativas – incluindo até alternativas jamais pensadas.

Um bom caso de resiliência aplicada na gestão de crise ocorreu com a Estrela, empresa referência no setor de brinquedos e jogos. Na década de 90, o governo brasileiro passou a incentivar importações, afetando diretamente a Estrela e muitas outras companhias da época, em que a produção principal era nacional.

Carlos Tilkian, presidente da Estrela, sabia que não podia ficar parado e que algo precisava ser feito – e logo. Pensar fora da caixa e procurar por soluções que estavam próximas, sem o medo de grandes mudanças, foram as chaves para a empresa superar esse momento. O que foi feito: a importação, até então geradora da crise e vilã da história, passa a ser aliada, pois a empresa começou a importar tudo que era mais viável em comparação à produção nacional.

Esse foi um momento decisivo, mas, não único. Ainda hoje, a Estrela – e todas as companhias de brinquedos e jogos – enfrentam o desafio do novo consumidor: antenado, conectado, verdadeiros nativos digitais e ávidos por tecnologia. O que fazer? Resiliência é novamente a palavra, uma vez que trazer elementos tecnológicos aos produtos já conhecidos vem garantindo a sobrevivência e até a liderança no mercado.

O caso Estrela é exemplo de como saber agir na hora da crise pode ser decisivo no futuro e até na sustentabilidade de uma empresa. Por isso, há décadas me dedico a auxiliar na superação de crises de diversas empresas, acreditando no poder do diálogo e na tomada de decisões assertivas.

São diversos pontos que precisam de atenção em uma gestão de crise e a tempestividade não pode ser um empecilho para o bom fluxo das ações. Tomar as decisões corretas e no momento oportuno com certeza farão as empresas passarem sem conturbações pelo ano de 2014, um ano excepcional de grandes eventos que impactaram e estão impactando diretamente na vida de todas as pessoas e empresas.

*Heli Gonçalves Moreira, fundador e sócio-diretor da HGM Consultores, é especialista em projetos de consultoria e treinamento nas áreas de Relações Trabalhistas e Sindicais, Programas de Gestão Participativa, Negociações Coletivas, entre outros. Além disso, é negociador patronal e perito em administração e solução de conflitos trabalhistas e estratégias empresariais para situações e mudanças de alta complexidade e impacto.