Vínculo anterior revelado: Advogado de Vorcaro defendeu Desembargadora que mandou soltar banqueiro

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Documentos oficiais expõem relação profissional antiga entre a magistrada Solange Salgado e o advogado Pierpaolo Bottini, agora na equipe de defesa do empresário preso por fraudes bilionárias

Em uma decisão recente que agitou os corredores do poder em Brasília, a desembargadora federal Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), revogou a prisão preventiva do empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, investigado por suposta liderança em uma organização criminosa que causou prejuízos bilionários ao sistema financeiro nacional.

A medida, fundamentada nos elementos do processo e acompanhada de cautelares como proibição de contato com testemunhas e entrega de passaporte, foi proferida em habeas corpus impetrado por uma equipe de advogados renomados, incluindo o criminalista Pierpaolo Cruz Bottini, do escritório Bottini & Tamasauskas Advogados.

O que chama atenção, e tem gerado debates nas redes sociais e na imprensa especializada, é uma conexão profissional documentada entre Bottini e a própria desembargadora Salgado, datada de mais de uma década atrás. Registros oficiais do processo N. 0068112-70.2011.4.01.0000/DF revelam que Bottini atuou como defensor da magistrada em um inquérito que apurou irregularidades em operações de empréstimos concedidos pela Associação dos Juízes Federais da 1ª Região (Ajufer), entre 2000 e 2009.

Na época, magistrados, incluindo Salgado, teriam obtido financiamentos da Fundação Habitacional do Exército mesmo com dívidas pendentes, em um esquema investigado por gestão fraudulenta – o mesmo crime imputado atualmente a Vorcaro no âmbito da Operação Liebre.

Procuradoria Regional da República da 1ª Região denunciou Salgado por cinco crimes, mas a Corte Especial do TRF-1 rejeitou a acusação em 2012, ao entender que não havia elementos que a vinculassem diretamente às irregularidades. Paralelamente, um processo disciplinar interno no tribunal dividiu opiniões: sete desembargadores votaram pela aposentadoria compulsória, três pela pena de disponibilidade, cinco pela censura e um pela advertência.

Ministério Público Federal (MPF) recorreu ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), argumentando desproporcionalidade nas penalidades e alegando que uma votação específica por tipo de sanção atingiria quórum para disponibilidade. O CNJ, no entanto, manteve a decisão original do TRF-1.

Anos depois, em 2018, o MPF ofereceu nova denúncia contra Salgado e o ex-presidente da Ajufer, Charles Renaud, por gestão fraudulenta de instituição financeira. A diretoria da Ajufer, então presidida pelo juiz federal Leonardo Paupério, ingressou como assistente de acusação nos processos, criticando a lentidão da Justiça. “Passados sete anos desde a descoberta das irregularidades, os fatos ainda não haviam sido esclarecidos de forma satisfatória e que os responsáveis permaneciam impunes”, declarou Paupério à época. Em fevereiro de 2023, o TRF-1 absolveu Salange, mas o acórdão permanece sob sigilo em arquivos físicos, dificultando consultas públicas.

A relação entre Salgado e Bottini, conforme os autos, limitou-se à atuação profissional no caso de 2011, encerrado sem condenação e sem registros de contatos posteriores. Especialistas em ética judicial consultados por veículos como a Revista Oeste destacam que, embora coincidências como essa possam levantar questionamentos sobre imparcialidade, não configuram automaticamente conflito de interesses, especialmente em processos separados por mais de 10 anos.

No X (antigo Twitter), a notícia viralizou, com usuários como o jornalista Felipe Moura Brasil apontando a “coincidência” e o perfil @GORILLAZ1962 questionando abertamente: “Não é conflito de interesses? Estranho, no mínimo”. Outros posts, como o de @rogeriomatuck, compartilham links para reportagens, ampliando o debate sobre transparência no Judiciário.

Vorcaro, por sua vez, segue sob investigação na 10ª Vara Federal de Brasília, com prejuízos estimados em bilhões ao Banco Central. Sua defesa, liderada por Bottini ao lado de nomes como Walfrido Warde e Roberto Podval, argumenta ausência de risco à ordem pública. O ICL Notícias, que primeiro divulgou a conexão, aguardava resposta de Bottini sobre o tema, mas até o fechamento desta reportagem, não havia pronunciamento público.

Esse episódio reforça discussões recorrentes sobre a interseção entre advocacia e magistratura no Brasil, em um momento em que operações como a Liebre expõem vulnerabilidades no sistema financeiro. Todas as informações aqui apresentadas foram verificadas em fontes oficiais e reportagens confiáveis, sem suposições ou preenchimento de lacunas. Por Alan.Alex / Painel Político

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