Usina Santa Maria: maior produtora de etanol da Bahia e Nordeste brasileiro será duplicada

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Medeiros Neto – O extremo sul baiano abriga a maior produtora de etanol da Bahia e do Nordeste, a Usina Santa Maria, localizada no município de Medeiros Neto. Com 25 anos de funcionamento, a indústria tem produção média diária de 550 mil litros de etanol, mas, passa por processo de expansão, após o qual, estima-se, terá sua produção triplicada.

Pioneiros – A história da Usina Santa Maria se inicia em 1986, quando Luiz Carlos Borges Queiroga Cavalcanti, presidente do Grupo São Luiz, que já possuía, em Pernambuco, a Destilaria São Luiz, situada no município de Maraial, zona da mata sul pernambucana, foi apresentado ao projeto de instalação de uma usina no extremo sul baiano, a Medasa, por indicação dos diretores do Programa Nacional do Álcool.

Vista aérea da Usina Santa Maria, no município de Medeiros Neto.

“Meu pai pousou em Teixeira de Freitas e os fazendeiros da região o trouxeram aqui, ele olhou as terras, gostou, pegou amostras do solo da região e os dados pluviométricos de 1950 até 1985, depois de um mês, dadas as condições da região, ele falou que se interessava pelo projeto. Não existia nada, só o documento da ação para montagem de uma fábrica de etanol, chamada Medasa, em Medeiros Neto. E, depois de comprar as terras para plantação da cana, ele, sem sócio, sozinho, foi quem montou a Medasa, começou a montar a fábrica em 1986 e a primeira moagem ocorreu em 1987. Então, nós somos os pioneiros em trazer a cana de açúcar para o extremo sul da Bahia”, contou Sérgio Queiroga, diretor da Usina Santa Maria, outrora nomeada como Medasa.

Carência de mão de obra

Embora o etanol, combustível limpo e renovável, tenha recebido grande estímulo em períodos ao longo dos 25 anos, uma das dificuldades encontradas à época da implantação e que tem se agravado é a ausência de mão de obra especializada para o trabalho na usina. Conforme citou Sérgio, faltam pessoas para operar turbina, centrífuga, mesa e os demais equipamentos, o que gera ônus à empresa, que precisa treinar os funcionários em cada função. “Em outros municípios nós temos escolas técnicas para treinar as pessoas para trabalhar em usinas, aqui não, a gente que tem que treinar os funcionários”, comentou o diretor acerca da falta de investimentos técnicos na área em toda a região.

Variedades de cana

A fim de aprimorar o produto e maximizar suas potencialidades, a Usina Santa Maria já testou mais de 200 variedades de cana, com a finalidade de escolher a variedade que mais se adequasse à região, das quais, 20 são utilizadas atualmente, e ainda passarão por apreciação, a partir de onde serão selecionadas as 15 melhores variedades, que serão distribuídas nos períodos de início, meio e fim de safra.

Sérgio Queroga com um especialista em análise de cana em uma das plantações da Usina Santa Maria.

Não bastasse Medeiros Neto, o Grupo São Luiz adquiriu ainda Usina Santa Cruz, em Santa Cruz de Cabrália, a qual também será expandida. “O extremo sul tem tudo para ser uma região canavieira. Recentemente, nós tivemos a abertura da Unial, em Lajedão, e da Ibirálcool, em Ibirapuã, e quanto mais usinas tiver melhor, a região só tem a ganhar”, afirmou Sérgio.

Governos não acompanham o crescimento

Embora defenda veemente a bandeira do “etanol, combustível limpo e renovável”, Sérgio lamenta que, em sua visão, os governos não venham acompanhando o crescimento do país, referindo-se à escassa atenção dada à potencialidade do setor. Em uma breve análise do que vem acontecendo no mercado dos combustíveis, Sérgio Queiroga citou como um dos grandes problemas a concorrência “desleal” que tem havido entre a gasolina e o etanol: “Esta aí a Petrobrás, que não produz gasolina, importando gasolina, congelando o preço da gasolina nas bombas e a diferença entre o etanol e a gasolina é tão pequena que a população está consumindo mais gasolina em vez de consumir o etanol. O brasileiro está consumindo gasolina importada, produto poluente, vindo do petróleo, fóssil, porque o governo federal está importando gasolina cara e está congelando os preços nas bombas, ninguém sabe o porquê.  O setor tem 450 unidades com grandes representantes pressionando para que o governo passe a tomar uma decisão rápida, porque ele tem que fazer alguma coisa, ou liberar o preço da gasolina, deixar o preço subir nas bombas ou tirar os impostos do etanol, abaixar a carga tributária”, e destacou ainda: “O etanol é um combustível limpo e renovável, que gera emprego no interior, e não nas capitais, nos grandes centros, é lá na zona rural”.

O mundo investe em etanol

Ratificando a tendência mundial na procura por um combustível mais ecologicamente correto, Sérgio anunciou que a perspectiva do grupo é de investimentos e, para atender a demanda interna e externa, a Usina Santa Maria está sendo duplicada, e tem como meta de produção um milhão e quinhentas mil toneladas de cana por safra/ano, e na Usina Santa Cruz, a meta é produzir oitocentas mil toneladas de cana por safra/ano.

“O mundo está investindo em etanol, não é possível que o Brasil, pioneiro na produção do etanol, vai perder para outros países no mundo. Nós estamos aumentando a nossa empresa, duplicando a fábrica, comprando terra para ampliar, nossa perspectiva é de investimentos, e o objetivo é de triplicar a produção, para atender à demanda do mercado interno e externo”, concluiu. Por Raíssa Félix / Jornal Alerta.

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