Em outubro foi divulgado em alguns veículos de comunicação da cidade fotos e matéria sobre a estrutura física da Unidade Municipal Materno-Infantil (UMMI), em Teixeira de Freitas. As imagens evidenciavam uma infraestrutura totalmente imprópria para um hospital infantil, apresentando altos riscos de contaminação, com fendas e rachaduras nas paredes e teto, infiltrações e muita umidade, além de água e baldes espalhados na área da recepção.
Na época, o secretário de Saúde visitou o local e constatou a necessidade de reforma. Entretanto, ele explicou que a vontade da prefeitura esbarra no fato de que o prédio é alugado e os proprietários se recusam a participar financeiramente da reforma, o que torna a obra inviável para o município sozinho fazer.
Depois deste episódio lamentável, veio à tona mais um caso de negligência médica na UMMI. E explico que uso a expressão mais um caso porque, infelizmente, são comuns problemas desta natureza na maternidade municipal teixeirense. Dentre as queixas é unânime a brutalidade e falta de educação como muitos daqueles profissionais tratam as gestantes, parturientes e crianças. Enquanto esbarramos na falta de educação, ainda vai, porque este defeito é mais prejudicial ao estúpido e ignorante, que se torna mal visto e mal falado entre as pessoas, indesejável. O problema maior começa quando quem deveria zelar pela vida a trata com descaso e imprudência, e é isto que vem acontecendo há anos na UMMI e a sociedade teixeirense clama que seja mudado.
Em setembro de 2012, uma criança nasceu morta após sua mãe ser submetida a um exaustivo trabalho de parto de 72 horas na maternidade pública de Teixeira. Devido ao seu porte físico e o seu bebê ser grande, o médico que a acompanhou no pré-natal já havia deixado claro que deveria ser feito o parto cesariano, porém, a médica, que é legista no IML local, desconsiderou a informação e, mesmo após a bolsa romper, insistiu que a parturiente possuía condições de parto normal. Por conta de ter passado da hora de nascer, o bebê nasceu morto, dentre as suspeitas da causa morte estava que o neném teria ingerido restos fecais/e ou tido falta de oxigênio. Conforme familiares na época contaram aos sites da cidade, a médica ainda culpou a mãe pela morte, disse que ela não tinha colocado força suficiente para o bebê nascer logo.
Semana passada, a mesma médica esteve envolvida em outro caso com morte de recém-nascido. Notícia que repercutiu em toda a cidade, novamente. O bebê, segundo a família, teria nascido vivo, mas, minutos depois, veio a informação de que morreu por “anoxia intrauterina”, a falta de oxigenação no cérebro. Todos os fatores determinantes para este tipo de morte, de acordo a família, não foram apresentados pela parturiente, que, ao contrário, teve uma gestação muito tranquila. Há boatos de que a médica teria deixado o recém-nascido cair, mas, nada comprovado. Fato é que o corpo do bebê foi encaminhado para o IML de Itamaraju, porque, como já disse, a médica envolvida compõe a equipe de legistas locais; o laudo com a causa da morte sairá em 30 dias.
Além destes casos, houve o da médica Juliana, que está afastada após envolvimento em mais um caso de negligência. Ela teria forçado o parto normal de Joelma Cajazeira dos Anjos, que, segundo o pré-natal, teria que ser cesariana, porque apresentava vasos internos que poderiam causar hemorragia. Rejeitando estas informações e ainda forçando bruscamente a mulher a abrir as pernas, acabou fraturando a bacia de Joelma, que está usando fixador no quadril, impossibilitada de cuidar de sua filhinha recém-nascida, que, não se sabe como, está com um dos braços paralisado. Joelma depende totalmente de ajuda de vizinhos.
Estes são os casos não anônimos. Imaginem, autoridades, o que fica ‘escondido’ entre aquelas paredes. Será que mais crianças precisam morrer e mães ficarem impossibilitadas de cuidar de seus recém-nascidos por negligência médica? Mulheres precisam ser humilhadas no momento mais sublime de suas vidas? Talvez, não pensem nisso porque seus filhos nasçam em locais onde o dinheiro compra dignidade e respeito pela vida. Parece que o que os profissionais do SUS recebem não é suficiente…