Jurista Francisco Rezek faz dura análise sobre o declínio da liderança ocidental e destaca o papel dos Brics
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247 – Em entrevista ao programa Mário Vitor e Regina Zappa, na TV 247, o jurista Francisco Rezek, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-chanceler, fez uma análise contundente sobre a crise da liderança ocidental e os desdobramentos políticos e econômicos globais. Para Rezek, a ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos foi o catalisador final para o colapso da influência ocidental baseada em princípios como justiça e humanidade.
“Trump é o privilegiado que joga a última pá de cal nesse cadáver que é a liderança do Ocidente na base do primado do direito e do sentimento de justiça e humanidade. Talvez fosse isso que o mundo precisava para ter seus olhos abertos”, afirmou Rezek.
O jurista destacou ainda que o massacre de palestinos na Faixa de Gaza foi um ponto de inflexão para a imagem do Ocidente e suas pretensões de hegemonia moral. “A partir do genocídio em Gaza, o mundo viu sair pelo ralo a lenda da humanidade ocidental. A lenda do espírito democrático e humanista do Ocidente”, disse ele.
O fim da OTAN e a ascensão dos Brics
Rezek também foi categórico ao afirmar que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está com seus dias contados, carecendo de qualquer propósito no atual cenário geopolítico. “A OTAN não tem futuro. Está à espera de uma alma caridosa que desligue seus aparelhos. Trump parece ter entendido isso e é seu único acerto”, ironizou.
Na visão do ex-chanceler, a nova realidade econômica global aponta para os Brics como uma alternativa viável e sólida ao modelo ocidental de hegemonia financeira. “Os países precisam redefinir suas políticas econômicas voltando-se para os Brics… Os Brics são uma âncora na qual podemos confiar”, enfatizou.
Trump e Netanyahu: uma relação pragmática
Embora critique Trump, Rezek pondera que o ex-presidente dos EUA tem uma postura mais independente em relação a Israel do que muitos imaginam. “Trump não tem medo de Netanyahu. Está no bolso do lobby, mas não tanto quanto Biden estava e muitos outros governantes hoje. Me orgulho que nosso presidente seja uma exceção à regra e não tenha medo”, pontuou.
China: um desafio ao pensamento ocidental
Outro ponto abordado por Francisco Rezek foi a maneira como a imprensa ocidental retrata a China e sua governança. Segundo ele, há um preconceito enraizado contra o modelo chinês simplesmente por não seguir o padrão político do Ocidente.
“Quase ninguém, entre analistas internacionais, parou para pensar no que a China representa como civilização e como presença na cena universal”, afirmou. “Na imprensa ocidental dizem: a China não é uma democracia. O que quer dizer isso? O que querem os comunicadores ocidentais é que a China se adapte ao padrão ocidental de democracia. Mas vejam, a pretensa não-democracia chinesa leva ao poder Xi Jinping, o mais decente, mais austero e mais equilibrado dos grandes estadistas do nosso tempo. E Donald Trump, e outras extravagâncias, são o que a democracia ocidental leva ao poder”.
As declarações de Rezek reforçam a percepção de que o mundo caminha para uma multipolaridade irreversível, onde o Ocidente deixa de ser o centro gravitacional das decisões econômicas e geopolíticas. A ascensão dos Brics, a influência crescente da China e o esgotamento das instituições ocidentais indicam que uma nova ordem mundial está se consolidando. Assista: