Especialista aponta que o presidente dos EUA desafia a ordem liberal e acelera a transição geopolítica global
![Donald Trump, dos Estados Unidos, e Xi Jiping, da China Donald Trump, dos Estados Unidos, e Xi Jiping, da China](https://www.brasil247.com/_next/image?url=https%3A%2F%2Fcdn.brasil247.com%2Fpb-b247gcp%2Fswp%2Fjtjeq9%2Fmedia%2F20190629070628_03ef211c9cd0d7c68a56f3cddd8eca1993553f5b17e35cce93210dac0132f0a7.webp&w=3840&q=75)
Para Tian, Trump personifica uma ruptura dentro da política americana e do sistema internacional. Sua visão se baseia em um nacionalismo radical e na valorização de uma identidade americana tradicional, frequentemente em oposição aos princípios da globalização e do liberalismo ocidental. O autor caracteriza o “trumpismo” como um fenômeno de “retorno às raízes” dos Estados Unidos, resgatando o espírito isolacionista e expansionista do país, ao mesmo tempo em que reconfigura sua lógica imperialista.
O impacto de Trump, segundo o especialista, se desdobra em duas frentes principais: a política doméstica e a geopolítica internacional. Internamente, sua agenda busca desmantelar políticas democratas e centralizar o poder em uma estrutura mais alinhada ao conservadorismo, utilizando medidas de reorganização governamental e cortes drásticos na burocracia. Tian destaca a influência de figuras como Elon Musk, que, segundo ele, teria um papel central na implementação dessa agenda, incluindo o enfraquecimento de órgãos federais tradicionais.
No cenário global, Trump já implementa uma série de políticas que abalam o equilíbrio mundial. Entre as principais ações mencionadas por Tian estão o expansionismo territorial dos EUA, incluindo supostas ambições sobre o controle de regiões estratégicas como Groenlândia e Panamá; a retomada de um “novo Doutrina Monroe”, visando eliminar influências externas na América Latina, especialmente da China; e uma abordagem de compromisso incerto na guerra entre Rússia e Ucrânia, que poderia redefinir os arranjos de segurança europeus.
A guerra comercial com a China também aparece como um dos eixos centrais da análise. O especialista sugere que o governo Trump pode trazer uma escalada nas tarifas sobre produtos chineses, buscando enfraquecer economicamente Pequim. No entanto, Tian argumenta que, diferentemente de adversários históricos dos EUA, como o Japão nos anos 1980 ou a União Soviética nos anos 1990, a China atual possui bases institucionais sólidas para resistir a essa pressão e adotar contramedidas eficazes.
O artigo conclui que Trump não representa uma continuidade da hegemonia americana tradicional, mas sim sua mutação para um modelo mais agressivo e fragmentado. Para Tian, essa abordagem contribui para a erosão do sistema global liderado pelo Ocidente e fortalece a ascensão de um novo paradigma multipolar, no qual potências emergentes, especialmente na Ásia, terão um papel cada vez mais relevante na construção da ordem mundial.