Por Maurício de Novais Reis*
Parte II – Conforme explicitado na parte anterior deste artigo, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade reveste-se de uma complexidade impressionante, embora haja, no âmbito do senso comum, certa “clareza” nos diagnósticos, porque as pessoas em geral acreditam que toda criança inquieta é forçosamente hiperativa, o que não coaduna com a realidade. Essa concepção popular talvez seja fruto da propagação midiática que o transtorno vem sofrendo, muitas vezes até com determinado êxito de esclarecer questões referentes ao transtorno, o que é absolutamente importante. Todavia, o que se deve combater é a interpretação precipitada que frequentemente se faz do disposto no manual diagnóstico por indivíduos que não comungam dos estudos teórico-metodológicos voltados para o atendimento a esse público específico.
“A questão de como é feito o diagnóstico do TDAH é um dos pontos mais difíceis, complexos e polêmicos”, revela a psicóloga clínica Maria Beatriz Peixoto Tuchtenhagen. Difícil, complexo e polêmico porque o diagnóstico acontece fundamentalmente amparado na observação por parte do médico (preferencialmente com especialidade em psiquiatria da infância e adolescência), bem como na história do paciente. Faltando, portanto, os exames e testes clínicos de imagem ou de laboratório para a confirmação, o diagnóstico não raramente enfrenta resistência de muitos pacientes.
Seguindo o disposto no mencionado manual diagnóstico, geralmente o clínico solicita que a família e a escola preencham um formulário no qual vêm descritos os possíveis sintomas que se manifestam em crianças com TDAH. Vale ressaltar que no ato do preenchimento do documento, os pais e professores devem assinalar apenas as opções que indicam sintomas apresentados no decurso dos últimos seis meses. Continua.
*Maurício de Novais Reis é Psicanalista, Especialista em Teoria Psicanalítica e Professor no Colégio Estadual Democrático Ruy Barbosa.