Teixeira de Freitas gasta mais do que o dobro do que é pedido com saúde; no ano passado, a aplicação de recursos atingiu R$39 milhões de reais, sendo que o mínimo seriam R$19 milhões. As necessidades do Município são grandes em diversas áreas e há dificuldades em manter a porcentagem de aproximadamente 30% da receita apenas nessa área, quando existem outras urgências. A fim de que a população continue recebendo os benefícios nas variadas unidades – hospital, maternidade, UPA – o Governo do Estado ofereceu apoio à cidade, um compromisso anunciado pelo governador Rui Costa em recente visita a Caravelas.
O Secretário de Saúde da Bahia veio a Teixeira de Freitas na segunda-feira, 24, para organizar um plano de reestruturação da saúde da Cidade: “Viemos fazer uma avaliação do Hospital Municipal com objetivo de pensar em sua sustentabilidade econômica, visando à manutenção e ampliação dos serviços oferecidos. Precisamos pensar de que forma ele pode continuar funcionando com uma abrangência regional sem que isso afete a saúde financeira do Município”.
Fábio Vilas-Boas confirmou que o Estado é solidário ao prefeito e que juntos vão estruturar um plano que garanta o financeiro do hospital, provavelmente com o apoio do Ministério de Educação e Cultura: “O hospital vem atendendo a população com uma produção significativa de alta complexidade em relação a outros municípios da Bahia, então essa é uma instituição muito importante. Certamente há sempre a chance de melhorar a sua qualidade e quantidade de atendimento, mas isso depende da disponibilidade de recursos, e o Estado tem intenção de fazer esse investimento”.
Por ser uma referência em desenvolvimento no Extremo-Sul da Bahia, Teixeira muitas vezes recebe pessoas de outros municípios em busca dos serviços oferecidos aqui, e com a saúde não é diferente. O secretário ressaltou que a administração dessas cidades precisa estar consciente de que não é possível uma prefeitura sustentar sozinha todo esse atendimento e ainda de algumas regiões do Espírito Santo e de Minas Gerais.
Ações municipais
A Associação dos Prefeitos do Extremo-Sul escolheu João Bosco Bittencourt como presidente do Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Extremo-Sul da Bahia. Segundo ele, o consórcio deve entrar em ação já no mês de setembro, uma iniciativa importante para regularizar o atendimento das especialidades médicas em toda a região: “É necessário mantermos uma pactuação entre essas cidades participantes para que eles ajudem com os custos do hospital, melhorando o atendimento de toda a região”.
Outro ponto que está na pauta é a terceirização dos serviços, não só do Hospital Regional, mas também da maternidade e da UPA. “Visitamos algumas instituições administradas por Organizações Sociais, algumas não são bem vistas pela população e outras têm um ótimo atendimento. Vamos estabelecer regras e metas a alcançar para fazer uma chamada pública e contratar uma OS que possa assumir nossos hospitais de maneira satisfatória. Quando não estamos funcionando bem de uma maneira inicial, precisamos pensar em outra alternativa para atender a população”, esclareceu Bosco.
Os municípios ainda têm uma pactuação antiga com Salvador, cidade que precisa repassar uma parte de sua verba para que os casos mais graves e complexos possam ser atendidos na capital. De acordo com o prefeito, em Teixeira de Freitas esses pacientes já são atendidos, mas a verba vai para outro lugar, por isso o secretário de Saúde garantiu que vai avaliar a mudança desse acordo, mantendo esse recurso no próprio Município e já melhorando o lado financeiro da saúde teixeirense.
Hospital Universitário
Uma das grandes conquistas em âmbitos de desenvolvimento social e até econômico de Teixeira de Freitas foi a chegada da Universidade Federal do Sul da Bahia no ano passado. Após o término dos ciclos interdisciplinares, o curso de Medicina irá funcionar aqui, um avanço para estudantes da região que precisavam ir para grandes centros fazer essa graduação. Mas é preciso pensar em questões estruturais para atender essa demanda que já existe, e questiona-se sobre um Hospital Universitário para a prática dos futuros médicos.
João Bosco esclarece que esse já era um pensamento desde o início do mandato, juntamente com os governos Estadual e Federal, já existindo um plano estruturado para conseguir verba e construir a instituição: “Com a crise que estamos vivendo, o Governo Federal está repensando essa construção, que pode ser adiada. Assim, melhoraríamos o Hospital Municipal e ele poderia funcionar inicialmente como um hospital-escola. Na verdade, já temos aqui residência médica em ortopedia, cirurgia, medicina da família; só precisamos ser reconhecidos como uma instituição também de ensino aos estudantes da área, isso também é mais uma maneira de conseguirmos recursos e melhorarmos nosso atendimento”. Por Yara Lopes/Jornal Alerta
