Discreta e pouco conhecida no meio político, Maria Emília de Rueda é irmã do vice-presidente da sigla, criada a partir da fusão entre PSL e DEM

Distante da ribalta, Maria Emília vai comandar um dos maiores cofres da política, estimado em R$ 1 bilhão. Esse valor considera o saldo dos fundos partidários do DEM e PSL, acrescido do fundão eleitoral, cujo reajuste é esperado para o Orçamento de 2022. Atualmente, a verba pública destinada às duas siglas está na casa de R$ 460 milhões. Caberá à advogada agora organizar a distribuição da dinheirama do novo superpartido, que, neste primeiro momento, almeja lançar um candidato à Presidência, 12 nomes a governos estaduais e mais uma penca de postulantes ao Senado e à Câmara.
— Como é o nome dela mesmo? — perguntou um dirigente e deputado do PSL, durante a convenção, ao ser questionado sobre o que achava da nova tesoureira.
Um dirigente do DEM respondeu:
— Vou ser sincero. Eu não sei nada sobre ela. Só que é a irmã do Rueda.
A advogada chegou ao posto por indicação do seu irmão, Antônio Rueda, braço direito de Bivar e vice-presidente do União Brasil. Maria Emília e o irmão são sócios em oito escritórios de advocacia espalhados pelo país, além de duas empresas de compra e venda de imóveis com capital superior a R$ 600 mil.
Ao desenharem a fusão do PSL com o DEM, Bivar e Rueda não quiseram arriscar e optaram por uma solução caseira nas indicações da Executiva — ou melhor, consanguíneas. Além da irmã de Rueda, figura como vice da legenda o filho de Bivar, Cristiano. O DEM, por outro lado, priorizou a nomeação de figurões da política como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o ex-ministro da Educação Mendonça Filho.
— É a Dilma dos Rueda — compara um funcionário, fazendo referência ao estilo exigente da chefe.
Diferentemente do irmão, conhecido pelas festanças que promove em Brasília com parlamentares e empresários, a tesoureira do União Brasil tem um perfil mais discreto. Mãe de duas filhas, ela pretende continuar morando com a família em São Paulo e viajar esporadicamente a Brasília, onde enfrentará uma longa fila de políticos interessados em obter recursos para financiar campanhas.
Ascensão feminina
Maria Emília se recusou a dar entrevista, mas disse por meio de nota que se afastará do escritório de advocacia assim que for formalizada como tesoureira. Afirmou também que pretende implementar um “controle mais rígido sobre as contas do partido”, além de “participar ativamente” de um movimento que coloque mulheres em “espaços relevantes nas estruturas partidária, eleitoral e política”.
— Com um caixa desse tamanho, é a primeira coisa que eu faria — diz Otávio Fakhoury, que foi tesoureiro da sigla em São Paulo, em 2019.
Desde aquele ano, quando se viu imerso nas denúncias de suspeitas de candidaturas laranjas no diretório de Minas Gerais, o PSL contratou o escritório Alvarez & Marsal para fazer o compliance da sigla. Pelo serviço, a empresa — onde hoje trabalha o ex-ministro Sergio Moro — já recebeu R$ 841 mil só neste ano. Por Eduardo Gonçalves / O Globo