Riscos de problemas no coração mudam vacinação de adolescentes

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Vacinas da Moderna e da Pfizer causam raros efeitos colaterais cardiovasculares, e países da Europa e da Ásia mexem na vacinação

Os benefícios das vacinas de RNA mensageiro continuam sendo maiores que os riscos

Alguns países pararam completamente a imunização de adolescentes ou estão aplicando apenas uma dose das vacinas contra a Covid-19 que são produzidas a partir de RNA após relatos de possíveis efeitos colaterais cardiovasculares raros. As duas farmacêuticas que usam esse método são a Pfizer, aplicada no Brasil, e a Moderna.

A agência reguladora de medicamentos da Europa disse, em julho, que havia encontrado uma possível ligação entre uma doença inflamatória cardíaca muito rara e as vacinas anti-Covid-19 de mRNA.

Os possíveis efeitos encontrados são miocardite, uma inflamação do músculo do coração; e pericardite, inflamação do revestimento ao redor do coração. Pesquisadores concluíram que os riscos aumentam a partir da segunda dose e que a possibilidade de o problema aparecer é muito maior nos homens do que nas mulheres.

Contudo, de acordo com pesquisa feita pelo CDC (Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos), a cada 500 mil meninos entre 12 e 17 anos vacinados nos Estados Unidos, os imunizantes causariam no máximo 70 casos de miocardite, mas evitariam 5.700 infecções, 215 hospitalizações e duas mortes por Covid. Os estudos também mostraram que o risco de problemas cardíacos após a infecção pelo Sars-CoV-2 e suas variantes é muito maior do que após a vacinação.

A OMS (Organização Mundial da Saúde), assim como o CDC e a agência europeia, continua afirmando que os benefícios dos imunizantes na prevenção da Covid-19 são superiores aos riscos.

Abaixo, veja como está a situação em alguns países que decidiram mexer no esquema vacinal de pessoas entre 12 e 17 anos:

Canadá

A Agência de Saúde Pública do Canadá disse que os dados sugerem que os casos relatados de inflamação cardíaca rara surgiram mais após a aplicação da vacina da Moderna, na comparação com a da Pfizer.

Dinamarca, Suécia

Dinamarca e Suécia pararam o uso da vacina da Moderna em grupos mais jovens, citando dados de um estudo nórdico ainda não publicado.

A agência de saúde sueca disse que faria uma pausa no uso da vacina em pessoas nascidas em 1991 e depois, conforme os dados apontassem para um aumento de miocardite e pericardite entre jovens e adultos jovens que foram vacinados.

A Dinamarca afirmou que, embora usasse a vacina da Pfizer como principal opção para aqueles com idade entre 12 e 17 anos, decidiu interromper a administração da vacina da Moderna para menores de 18 anos de acordo com um “princípio de precaução”.

Finlândia

A Finlândia interrompeu o uso da vacina da Moderna em pessoas mais jovens e disse que daria a vacina da Pfizer a homens nascidos em 1991 e depois. Oferece fotos para maiores de 12 anos.

Hong Kong

Um painel de especialistas em saúde, em aconselhamento ao governo de Hong Kong, recomendou em setembro que crianças de 12 a 17 anos recebessem apenas uma dose da vacina da BioNTech, após relatos de inflamação do coração como efeito colateral.

Noruega

A Noruega está administrando uma dose da vacina da Pfizer em crianças de 12 a 15 anos.

Reino Unido

A Grã-Bretanha oferece a todos os jovens de 12 a 15 anos uma primeira dose da Pfizer. A segunda não seria oferecida à faixa etária até pelo menos a primavera, quando pode haver mais dados de todo o mundo.

Com a queda dos números de mortes e novos casos de Covid-19, aliada ao avanço da vacinação, muitas pessoas que já receberam a segunda dose do imunizante estão retornando às atividades sociais. O infectologista Munir Ayub, membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), explica quais cuidados são necessários nesse retorno. Do R7, com Reuters