Réu no 8 de janeiro, delegado da PF chora no STF e culpa PMDF por omissão

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Delegado também disse que foi surpreendido pela ausência de Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública, que havia viajado para o exterior

Delegado de Polícia Federal Fernando de Souza Oliveira
Delegado de Polícia Federal Fernando de Souza Oliveira (Foto: Reprodução)
Conteúdo postado por Guilherme Paladino:
247 – O delegado da Polícia Federal Fernando de Souza Oliveira chorou ao prestar depoimento nesta quinta-feira (24), em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), e negou qualquer participação no plano golpista que culminou nos atos de 8 de janeiro de 2023. Réu no processo, Oliveira é acusado de ter se omitido enquanto exercia o cargo de secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, órgão diretamente envolvido na resposta institucional ao ataque que depredou as sedes dos Três Poderes.

“Jamais arriscaria a minha vida profissional, a minha família, em prol de qualquer ação de qualquer pessoa que não conheço”, disse, emocionado, interrompendo a fala por diversas vezes. “Não conheço qualquer militar ou político.”

No início do depoimento, transmitido ao vivo pelos canais do STF, Oliveira buscou rebater a principal acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR): a de que teria sido omisso diante da escalada golpista. Segundo ele, houve uma ruptura por parte da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que ignorou o planejamento elaborado no Plano de Ação Integrada (PAI) — documento elaborado para proteger a Esplanada dos Ministérios.

“Não sei por que a PM não cumpriu nada que foi estabelecido no PAI”, afirmou.

De acordo com o delegado, ele próprio inspecionou, no dia 8 de janeiro, as barreiras montadas na Esplanada por volta do horário do almoço e foi tranquilizado pelo comando da PM sobre a suficiência da operação. Quando os atos violentos começaram, Oliveira afirmou ter assumido de imediato o gabinete de crise, pedido reforço e acionado o governador Ibaneis Rocha.

“Peço desesperadamente que sejam colocadas todas as tropas no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto, porque já estavam entrando no Congresso, e eu queria ali salvar os prédios dos outros poderes”, relatou.

Ele também disse que foi surpreendido pela ausência de Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública, que havia viajado para o exterior mesmo ciente da possibilidade de distúrbios no domingo. “Questionei sobre a viagem. Ele disse que confiava na PMDF e no plano, que julgou perfeito.”

Acusações da PGR vão além da omissão

Fernando Oliveira integra o chamado “núcleo 2” da suposta trama golpista, formado por servidores de alto escalão que teriam gerenciado ações para reverter o resultado das eleições de 2022 e manter Jair Bolsonaro no poder. Ele responde a cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. As penas, somadas, podem ultrapassar 30 anos de prisão.

Além da conduta nos atos do 8 de janeiro, a PGR acusa o delegado de, quando ocupava cargo no Ministério da Justiça, ter ordenado a produção de relatórios para tentar vincular o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva ao crime organizado. Oliveira nega. Disse que entrou no ministério ainda sob gestão de André Mendonça, hoje ministro do STF, e que foi escolhido por seu perfil técnico.

Também justificou a mudança para Brasília por razões pessoais: o casal tentava ter filhos e buscava acesso a melhores tratamentos de fertilidade.

[Com informações da Agência Brasil]

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