Relembre as principais mudanças com o Novo Acordo Ortográfico

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Parte IV – Hoje em dia, “dromo” passou a designar apenas o “lugar”, e não mais a pista: sambódromo é o lugar para os desfiles de escolas de samba (não há a necessidade de nossos sambistas desfilarem “correndo”); camelódromo é o local próprio para os camelôs venderem suas mercadorias (lá, os camelôs não precisam fugir “correndo”); fumódromo é o local apropriado para os fumantes (não significa que é preciso fumar “correndo” para voltar logo ao trabalho).
A língua é viva. Em razão disso, não há nada errado em uma palavra ou elemento formador ganhar novos sentidos e usos. É dessa forma que as línguas evoluem e se transformam com o passar dos tempos. A língua portuguesa que falamos hoje não é a mesma dos nossos avós, não é a mesma dos tempos de Machado de Assis e José de Alencar, muito menos da época de Camões.
As mudanças fazem parte da evolução das línguas vivas. Isso é natural.
Cuidado para não cair em armadilhas!
1ª) Policiais não deteram os criminosos.
Deve ser por isso que os criminosos fogem. O verbo DETER é derivado de TER, logo deve seguir sua conjugação. Se eles TIVERAM, o correto é DETIVERAM.
2ª) Foram chamados os que ainda não deporam na CPI.
Assim ninguém vai depor. Os derivados do verbo PÔR devem seguir sua conjugação. Se eles PUSERAM, o correto é DEPUSERAM.
3ª) O juiz já interviu no caso.
Se “interviu”, foi mal. O verbo INTERVIR deve seguir a conjugação do verbo VIR. Se ele VEIO, “o juiz já INTERVEIO no caso”.
4ª) Ele não tinha intervido no caso.
Assim não dá. O particípio do verbo VIR é VINDO (igual ao gerúndio). O correto, portanto, é “Ele não tinha INTERVINDO no caso”.
5ª) Está prevista uma paralização para a próxima semana.
Será um fracasso. Se paralisia se escreve com “s”, as palavras derivadas devem ser grafas com “s”: paralisar e PARALISAÇÃO.
6ª) Ele luta por sua ascenção profissional.
Assim fica difícil. Os substantivos derivados de verbos terminados em “-ender” (apreender, pretender, compreender, ascender) devem ser escritos com “s”: apreensão, pretensão, compreensão, ASCENSÃO.
7ª) Viajou a Tókio.
Não conheço essa cidade: com acento e “k”. Isso não é português nem inglês, que não tem acentos gráficos. A forma aportuguesada é TÓQUIO.
8ª) Era lutador de karatê.
A letra “k” não combina com acento gráfico. É mistura de inglês com português. A forma aportuguesada é CARATÊ.
9ª) Vire a esquerda.
Aprender crase em placa de trânsito é um perigo. Formas femininas que indicam “lugar, direção” recebem acento indicativo da crase: “Vire à esquerda”.
10ª) Obras à cem metros.
Não disse que placa de trânsito é um perigo? Não põe o acento da crase quando deve, e põe quando não deve. Antes de palavras masculinas, não há crase: “Obras a cem metros”.
A verdadeira MUÇARELA
Já faz um bom tempo que me fizeram uma curiosa consulta: “Professor, é verdade que muçarela se escreve com cê-cedilha?”
Diante da minha resposta afirmativa, a pergunta seguinte foi: “Então, eu devo escrever muçarela com cê-cedilha”?
É claro que sim. Se tive a oportunidade de aprender que é assim que se escreve muçarela, não entendo por que continuar escrevendo “errado”.
Sei muito bem que a maioria escreve “mussarela”, com dois esses. É assim que vemos a palavra escrita em pizzarias, supermercados, cardápios…
Importante, porém, é que você saiba que a grafia oficial é MUÇARELA, pois essa é a forma registrada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), publicado pela Academia Brasileira de Letras. Por Professor Sérgio Nogueira.