Relembre as principais mudanças com o Novo Acordo Ortográfico

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Parte III – 1) Em congruência com os casos anteriores, mantêm-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; mülleriano, de Müller; shakespeariano, de Shakespeare.
Os vocabulários autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis, em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/fúchsia e derivados, buganvília/buganvílea/bougainvíllea).
2) Os dígrafos finais de origem hebraica CH, PH e TH podem conservar-se em formas onomásticas (nomes próprios personativos) da tradição bíblica, como Baruch, Loth, Moloch, Ziph ou então simplificar-se: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se qualquer um destes dígrafos é mudo (não pronunciado), elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por força do uso, permite adaptação, substitui-se, recebendo uma adição vocálica: Judite, em vez de Judith.
3) As consoantes finais grafadas B, C, D, G e T mantêm-se, quer sejam mudas quer proferidas nas formas onomáticas (nomes próprios) em que o uso consagrou, nomeadamente em antropônimos e topônimos de tradição bíblica: Jacob, Job, Moab, Isaac, David, Gad, Gog, Magog, Bensabat, Josafat.
Integram-se também nesta forma: Cid, em que o D é sempre pronunciado; Madrid e Valladolid, em que o D ora é pronunciado, ora não; e Calecut ou Calicut, em que o T se encontra nas mesmas condições.
Nada impede, entretanto, que os antropônimos em apreço sejam usados sem a consoante final: Jó, Davi e Jacó.
4) Recomenda-se que os topônimos de língua estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Géneve, por Genebra; Jutland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por Munique; Torino, por Turim; Zürich por Zurique etc.
Curiosidades etimológicas
Qual é a origem da palavra piscina? E o que significa o elemento “dromo” de autódromo, hipódromo, sambódromo e camelódromo?
1) Piscina vem de peixe. Na sua origem, piscina é um “viveiro de peixes”. É um reservatório de água onde era comum criar peixes. Hoje em dia, designa também um tanque artificial para natação. Em razão disso, nós fomos para a piscina e pusemos os peixes no aquário, que vem de água.
Além da piscina, é bom lembrarmos outras palavras derivadas de peixe: pisciano (quem nasce sob signo de Peixes); piscicultura (arte de criar e multiplicar peixes); pisciforme (que tem forma de peixe); piscoso (lugar em que há muito peixe).
2) Dúvida de muitos: “O elemento de composição dromo, de origem grega, tem o significado de ‘lugar para correr’, como atestam os bons dicionários. Assim existem as palavras autódromo, velódromo, hipódromo… Entretanto, o popular, nos últimos anos, fez a criação de sambódromo, camelódromo, para designar, respectivamente, o lugar onde as escolas de samba desfilam e o lugar onde se reúnem os camelôs. Esses neologismos, que estão sendo incorporados ao idioma, estariam ‘errados’, já que o que se faz num sambódromo e num camelódromo não é nenhuma corrida.”
A crítica se deve à alteração do sentido original do elemento “dromo” (=pista, lugar para corridas). Daí o autódromo, que é o local próprio para corridas de automóveis; o hipódromo, que é a pista para corrida de cavalos; velódromo, para corridas de bicicletas. Por Professor Sérgio Nogueira.