Justiça condena assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes; Ronnie Lessa pega 78 anos de prisão

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Ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram condenados pelo Tribunal do Júri do Rio de Janeiro pelos assassinatos da vereadora e seu motorista

O 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou nesta quinta-feira (31) os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson GomesLessa recebeu pena de 78 anos, 9 meses e 30 dias de prisão, enquanto Queiroz foi sentenciado a 59 anos, 8 meses e 10 dias.

O julgamento, que durou dois dias, resultou na condenação dos réus por três crimes: duplo homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa das vítimas), tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves (assessora de Marielle) e receptação do veículo usado no crime.

Durante o julgamento, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou provas contundentes de que Ronnie Lessa planejou meticulosamente o crime desde o ano anterior, realizando pesquisas sobre a arma a ser utilizada e investigando a rotina da vereadora. A acusação também destacou que ambos os réus agiram por motivação financeira e tinham pleno conhecimento de que o assassinato havia sido encomendado por razões políticas.

Linha do tempo do Caso Marielle Franco

14 de março de 2018

  • Marielle Franco e Anderson Gomes são assassinados a tiros no Estácio, região central do Rio de Janeiro

12 de março de 2019

  • Prisão dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, apontados como executores do crime

junho de 2023

  • Élcio Queiroz fecha acordo de delação premiada e confessa participação no crime

janeiro de 2024

  • Ronnie Lessa fecha acordo de delação premiada

24 de março de 2024

  • Prisão dos supostos mandantes do crime: os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, e do delegado Rivaldo Barbosa
  • Operação Murder Inc. da Polícia Federal revela detalhes sobre a motivação do crime, relacionada a disputas por terras e atuação de milícias

30 e 31 de outubro de 2024

  • Realização do júri popular de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz
  • Condenação dos réus com penas somadas que ultrapassam 138 anos de prisão

A investigação revelou que o crime teve motivação política e envolveu questões fundiárias ligadas ao Projeto de Lei 174/2016, que tratava da regularização de um condomínio na Zona Oeste do Rio. Havia divergências entre Marielle Franco e o grupo político de Chiquinho Brazão sobre este tema.

O processo contra os supostos mandantes – os irmãos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa – segue em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao foro privilegiado. Também respondem no processo o ex-PM Robson Calixto e o major Ronald Paulo Alves Pereira, acusados de participação no planejamento e execução do crime.

O julgamento marca um momento histórico na busca por justiça no caso Marielle Franco, que se arrastava há mais de seis anos, e representa um importante avanço no combate à impunidade e ao crime organizado no Rio de Janeiro. Por Alan.Alex / Painel Político