O caso foi detectado no início do ano por uma instituição financeira, que identificou movimentações suspeitas na portabilidade de contas

Ao menos dois jogadores do futebol brasileiro foram vítimas do esquema: Gabigol, atualmente no Cruzeiro, e o argentino Walter Kannemann, zagueiro do Grêmio.
Segundo as investigações, o esquema funcionava com alta especialização tecnológica. Criminosos conseguiam dados pessoais de atletas profissionais, como nome completo, CPF e documentos, e abriam contas bancárias fraudulentas com essas informações. Em seguida, solicitavam a portabilidade do salário do verdadeiro titular para essas contas falsas.
Assim que os valores eram transferidos, os golpistas faziam saques imediatos, compras e transferências para outros destinatários, dificultando o rastreamento e a recuperação do dinheiro. Até agora, apenas R$ 135 mil foram bloqueados preventivamente.
A operação
Foram cumpridas 33 ordens judiciais, incluindo 22 mandados de busca e apreensão, nove de prisão preventiva e dois de prisão temporária. Mais de 100 policiais civis participaram da ofensiva, que teve como foco principal os núcleos de falsificação e lavagem de dinheiro da organização criminosa.
A escolha do nome da operação, “Falso 9”, remete à posição tática no futebol associada à dissimulação e movimentação estratégica, em referência ao modo como os criminosos se fizeram passar por atletas para enganar os bancos e transferir grandes quantias de forma fraudulenta.
Riscos e legislação
As autoridades alertam que o golpe só foi possível devido ao acesso indevido a dados pessoais, o que acende um sinal de alerta para a necessidade de proteção de informações sensíveis. O Ministério da Justiça reforça a importância de verificar a autenticidade de solicitações bancárias e monitorar contas com regularidade, especialmente em casos de portabilidade de salário.
Os investigados poderão responder por crimes de estelionato eletrônico, falsa identidade, uso de documento falso, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem chegar a 33 anos de prisão. Por Mirelle Pinheiro / Metrópoles