Quadrilha desviou R$ 1 milhão em salários de Gabigol e Kannemann

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O caso foi detectado no início do ano por uma instituição financeira, que identificou movimentações suspeitas na portabilidade de contas

Gustavo Aleixo/Cruzeiro
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As polícias civis de Rondônia e do Paraná deflagraram nesta terça-feira (24) a Operação Falso 9, com o objetivo de desarticular um esquema sofisticado de estelionato que usava dados de jogadores de futebol para fraudar instituições financeiras. A ação teve apoio do Ministério da Justiça, do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) e de forças de segurança de outros estados. O prejuízo ultrapassa R$ 1 milhão, e o golpe é considerado um dos mais ousados do tipo no país.

Ao menos dois jogadores do futebol brasileiro foram vítimas do esquema: Gabigol, atualmente no Cruzeiro, e o argentino Walter Kannemann, zagueiro do Grêmio.

Segundo as investigações, o esquema funcionava com alta especialização tecnológica. Criminosos conseguiam dados pessoais de atletas profissionais, como nome completo, CPF e documentos, e abriam contas bancárias fraudulentas com essas informações. Em seguida, solicitavam a portabilidade do salário do verdadeiro titular para essas contas falsas.

Assim que os valores eram transferidos, os golpistas faziam saques imediatos, compras e transferências para outros destinatários, dificultando o rastreamento e a recuperação do dinheiro. Até agora, apenas R$ 135 mil foram bloqueados preventivamente.

O caso foi detectado no início do ano por uma instituição financeira, que identificou movimentações suspeitas na portabilidade de contas de atletas. Após o alerta, a Polícia Civil deu início à investigação, que identificou pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema, com sede em Porto Velho (RO), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Lábrea (AM) e Almirante Tamandaré (PR).

A operação

Foram cumpridas 33 ordens judiciais, incluindo 22 mandados de busca e apreensão, nove de prisão preventiva e dois de prisão temporária. Mais de 100 policiais civis participaram da ofensiva, que teve como foco principal os núcleos de falsificação e lavagem de dinheiro da organização criminosa.

A escolha do nome da operação, “Falso 9”, remete à posição tática no futebol associada à dissimulação e movimentação estratégica, em referência ao modo como os criminosos se fizeram passar por atletas para enganar os bancos e transferir grandes quantias de forma fraudulenta.

Riscos e legislação

As autoridades alertam que o golpe só foi possível devido ao acesso indevido a dados pessoais, o que acende um sinal de alerta para a necessidade de proteção de informações sensíveis. O Ministério da Justiça reforça a importância de verificar a autenticidade de solicitações bancárias e monitorar contas com regularidade, especialmente em casos de portabilidade de salário.

Os investigados poderão responder por crimes de estelionato eletrônico, falsa identidade, uso de documento falso, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem chegar a 33 anos de prisão. Por Mirelle Pinheiro / Metrópoles

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