Psicoterapias

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Por Maurício de Novais Reis*
Psicoterapia é um tipo de terapia/tratamento para transtornos de caráter psicológico/psíquico. A palavra psicoterapia é formada por duas outras palavras, ambas de origem grega, que são psykhē, cujo significado refere-se basicamente ao conceito de mente conforme estamos habituados na língua portuguesa, e therapeuein, significando curar ou tratar. Desta forma, psicoterapia refere-se a um tipo de terapia baseado no pressuposto de que a mente pode adoecer, isto é, desviar-se do padrão de normalidade geralmente aceito e sancionado socialmente, e que, portanto, pode necessitar de um tratamento específico. Todavia, devido à escassez de tempo, não entraremos, pelo menos por ora, no mérito da questão no que concerne à dicotomia entre corpo e mente, apenas objetivamos explicitar metodicamente os aspectos referentes às psicoterapias existentes atualmente.
Nesta perspectiva, vale salientar que existem vários tipos de psicoterapias, sendo que essas utilizam teorias e métodos variados e distintos. Por exemplo, existem as psicoterapias de orientação psicanalítica, terapias cognitivo-comportamentais, existencialistas, humanistas etc. Assim, faz-se necessário que o indivíduo, ao buscar iniciar um tratamento psicoterapêutico, identifique a orientação teórico-metodológica adotada pelo seu psicoterapeuta a fim de que compreenda adequadamente os limites de cada orientação terapêutica bem como as metodologias aplicadas pelo profissional escolhido.
Neste sentido, o psicanalista Lucas Nápoli orienta: “Psicoterapeuta não é médico”. Portanto, não espere sair do consultório psicoterápico portando uma “receita” que o ensine como viver melhor, uma espécie de intervenção medicamentosa que o curará instantaneamente de todos os males psíquicos experimentados. Pelo contrário, o psicoterapeuta poderá auxiliar o sujeito no caminho da reconciliação consigo mesmo, com suas angústias, medos e questões existenciais. Psicoterapeuta, segundo o autor, também não é profeta. Neste caso, torna-se indispensável que o paciente explique com a “maior riqueza de detalhes possível” os seus problemas e dificuldades.
Independente da linha teórico-metodológica que o paciente escolha é necessário compreender algumas questões basilares concernentes ao tratamento psicoterapêutico. Portanto, não se trata de uma simples conversa como a que costumamos ter com amigos e familiares. No enquadre terapêutico, realiza-se uma parceria com um objetivo claro e específico: trabalhar. Isso mesmo. Não se trata de alguns minutos de conversa cujo objetivo final é apenas desabafar. A psicoterapia segue um roteiro específico de trabalho, numa parceria protagonizada entre psicoterapeuta e paciente.
Nesta perspectiva, o paciente não deve esperar mudanças rápidas. Embora as mudanças possam surgir de maneira rápida, essa não é a regra. Não custa nada salientar que os problemas de caráter emocional são infinitamente mais complexos do que as doenças físicas, cujas terapias medicamentosas podem surtir um efeito mais rápido e eficaz. Os males da alma demandam mais tempo de tratamento, proporcionando que as mudanças aconteçam gradualmente.
*Maurício de Novais Reis é Psicanalista, Especialista em Teoria Psicanalítica e Professor no Colégio Estadual Democrático Ruy Barbosa.