Espaço de alta tecnologia oferece serviços completos para robôs e marca novo passo da China na liderança global da indústria de IA incorporada

Localizado no distrito de Yizhuang, polo de inovação conhecido como E-Town, o Robot Mall ocupa quatro andares e cerca de 4 mil metros quadrados. O espaço não impressiona apenas pelo tamanho ou pelas inovações tecnológicas, mas principalmente por aplicar, pela primeira vez no setor de robótica, o conceito de loja 4S — um modelo que integra venda, fornecimento de peças, manutenção técnica e escuta ativa dos usuários em um único ambiente.
O termo “4S” é tradicionalmente usado no setor automotivo chinês e reúne quatro pilares de serviço:
- Sales (vendas),
- Spare parts (peças de reposição),
- Service (manutenção),
- Survey (pesquisa de satisfação/feedback do cliente).
A adaptação desse modelo ao setor de robôs humanoides representa um avanço significativo: a loja não apenas vende robôs, mas também oferece diagnóstico técnico, operação remota, manutenção e coleta sistemática de dados sobre a experiência dos usuários. Isso permite às empresas ajustar os produtos em tempo real, conforme as demandas do mercado.
De acordo com Meng Yanpei, representante do Robot Mall, “o atual foco está no refinamento do sistema de serviços e do modelo de negócios”. Ele informou ao Global Times que o centro já recebeu propostas de cooperação de países como Alemanha e Arábia Saudita, além de governos locais da China que desejam replicar o modelo.
Robôs para todos os setores
O Robot Mall reúne mais de 50 marcas e sete categorias de robôs, incluindo modelos voltados à medicina, à indústria, à robótica biomimética e aos humanoides. Entre os destaques estão o Tienkung (do Centro de Inovação de Robôs Humanoides de Pequim), o G1 (da Unitree Robotics) e o Walker S (da UBTECH).
O segundo andar oferece uma experiência interativa: visitantes podem manipular robôs-cães, testar mãos robóticas e até competir com robôs atletas em partidas de futebol, basquete e xadrez. No terceiro piso, há um centro de serviços para substituição de peças, diagnósticos e operação remota. Já o quarto andar é voltado à articulação de negócios, com salas de negociação de alto padrão para impulsionar parcerias comerciais.
Robôs na gastronomia: restaurante futurista ao lado
Ao lado da loja, foi inaugurado também um restaurante temático operado por robôs. O espaço oferece uma experiência única, com bartenders poliglotas controlados por inteligência artificial, uma banda de rock composta por robôs e cozinheiros autômatos.
Segundo Sun Ling, representante do restaurante, o espaço funciona também como plataforma de testes tecnológicos: “Permite que empresas de pesquisa e desenvolvimento testem seus produtos e coletem dados em ambientes reais, enquanto os consumidores vivenciam a fusão entre tecnologia e gastronomia”, disse ao Global Times.
Visões internacionais e papel de liderança da China
A inovação chamou atenção de visitantes estrangeiros. O acadêmico norte-americano Benjamin Sovacool, da Universidade de Boston, afirmou que o espaço “ajuda as pessoas a se familiarizarem com a tecnologia dos robôs humanoides”, destacando que alguns modelos já são muito eficazes em áreas como odontologia ou farmácia, ainda que tenham limitações em atividades esportivas.
O economista angolano Francisco Miguel Paulo também elogiou a iniciativa: “Robôs podem lidar com tarefas perigosas para os humanos, pois não adoecem, não se contaminam e podem ser facilmente reparados”, disse. Ele destacou ainda a necessidade de políticas públicas que definam os limites entre funções humanas e automação. “O Robot Mall mostra o potencial da robótica em setores como medicina, limpeza e farmacêutica, beneficiando toda a cadeia industrial de robôs humanoides.”
Yizhuang, centro da revolução robótica chinesa
Liang Liang, vice-diretor do comitê administrativo de Yizhuang, afirmou que “a criação da primeira loja 4S de robôs com inteligência artificial incorporada é um passo essencial para construir um ecossistema industrial vibrante na área”, o que reforça a posição da região como hub global de inovação em robótica.
Em 2024, a China foi responsável por dois terços dos pedidos de patentes de robótica no mundo e produziu 556 mil robôs industriais, mantendo sua liderança como maior fabricante global.