Preso é linchado por 208 detentos

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Teixeira de Freitas – 208 detentos da ala b do Conjunto Penal de Teixeira de Freitas, enraivecidos por não suportarem as provocações de 15 outros presos que estavam separados deles, na chamada ala do seguro, arrancaram um portão de ferro e dele fazendo uso, como se fosse um aríete (arma medieval), quebraram a parede que os separavam e lincharam o interno Erlan Gomes de Jesus, vulgo “Nozinho”, de 28 anos, que cumpria pena na unidade prisional em razão de uma condenação no artigo 121 do Código Penal – por um crime de homicídio cometido na cidade de Eunápolis.

Alguns presos ficam sentados, enquanto outros são contidos. Foto: Teixeiranews.

“Apesar de a rebelião ter sido contida a tempo, um preso acabou morrendo”, informou a direção do Conjunto Penal, que disse não ter sido bem uma rebelião, mas um atrito entre eles, uma vez que, embora não houvesse uma visão entre as alas, os 15 presos da ala do seguro, que fora atacada, estavam agredindo com palavras os da ala b, que não suportaram as provocações e os atacou. Por sorte, o ‘correria’ (preso que fecha e abre as celas), mesmo debaixo de pedradas, tijoladas, conseguiu abrir as celas, o que tornou possível a retirada de 14 deles, pois, caso contrário, a tragédia teria sido maior; completou o diretor adjunto do CPTF.

Força policial

No momento da invasão a ala do seguro, aproximadamente 208 presos da ala B estavam em banho de sol, na tarde de segunda-feira (28), e foi apurado que detentos da ala do seguro teriam provocado alguns presidiários do banho de sol, quando esses se revoltaram e invadiram a ala com o objetivo de matar todos os 15 internos das três celas, mas os agentes penitenciários também invadiram o local e conseguiram salvar 14 deles, disse o coronel Calheiros, diretor da unidade prisional.

Para conter os invasores, o quadro de agentes penitenciários contou com a colaboração dos policiais militares do 13.º Batalhão de Polícia Militar de Teixeira de Freitas sob o comando do tenente-coronel Osíris Moreira Cardoso, que, inclusive, já fora diretor da unidade, além de vários policiais da CIPE – Mata Atlântica, que tiveram de efetuar vários disparos para conter a fúria dos detentos.

Embora tenha havido uma suposta provocação de 15 detentos, apenas Erlon Gomes de Jesus acabou pagando com a vida pelos demais.

A única vítima, Erlan Gomes de Jesus, o “Nozinho”, que estava numa das celas do seguro do presídio, foi morto a pauladas, pedradas e ainda teve a orelha esquerda cortada.

Nossa reportagem apurou que dentre os 208 presos que estão custodiados na ala B, está Reginaldo Conceição Nascimento, o “Jeguinha”, quem teria sido ofendido pelos presos, quando, supostamente, seus comparsas acabaram por quebrar três celas do seguro até chegar àquela aonde “Nozinho” estava custodiado, agrediram a vítima com diversas pauladas, pedras e ainda lhe cortaram a orelha. Há informações de que a vítima, acreditando que nada lhe aconteceria, preferiu permanecer na cela, enquanto os demais foram retirados.

Ainda não foi possível precisar quantos presos teriam participado da agressão a “Nozinho”, também ainda não há informações oficiais sobre mais detentos feridos.

Uma equipe da Polícia Civil liderada pela delegada Andressa Nogueira da Silva Carvalho compareceu ao local dando início aos trabalhos de investigação, acompanhada da Polícia Técnica liderada pelo perito criminal Bruno Melo.

A delegada Andressa Carvalho adiantou que a intenção dos agressores era mutilar todos os 15 presos da ala do seguro, mas, foram impedidos a tempo pelos agentes penitenciários, do contrário, a barbárie teria sido maior.

Em tempo, fomos informados de que a Polícia Civil e a direção da Penitenciária de Teixeira de Freitas já chegaram a dois detentos que participaram do motim com o resultado morte, tendo sido identificados no Pavilhão B, sendo eles o interno Welison Jesus dos Santos, na cela 22, e o detento Apolo Henrique Rosa, na cela 24.

Há ainda a informação de que alguns dos que participaram do quebra-quebra com resultado morte serão transferidos para outras unidades prisionais da Bahia. Por Jotta Mendes / Jornal Alerta.