Hugo Motta critica modelo estatal e propõe modernização com reforma administrativa e corte de isenções fiscais
Neste sábado, 7 de junho de 2025, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), participou do evento promovido pelo Grupo Esfera Brasil, em São Paulo, onde lançou duras críticas ao atual modelo de Estado brasileiro. Durante o Fórum Esfera 2025, Motta destacou a urgência de enfrentar pautas como a reforma administrativa, a revisão das isenções fiscais e a redução dos gastos públicos. Em um discurso que ecoou entre empresários e lideranças políticas, ele afirmou que o Brasil está em uma “encruzilhada” e não pode mais adiar mudanças estruturais para garantir um futuro sustentável.
Motta criticou o que chamou de “modelo fiscal que transfere angústias para o futuro”, apontando que a máquina pública atual “gasta muito, entrega pouco e cobra cada vez mais de quem produz”. Ele comparou o Estado a uma “grande costureira” que, a cada crise, faz remendos em um cobertor prestes a se desfazer. “Se nada for feito, essa costureira morre — e leva o país junto. O brasileiro já apertou demais o cinto. Não é razoável que o Estado siga aumentando a própria barriga”, declarou, reforçando que a responsabilidade fiscal é um compromisso inadiável.
O evento marcou o lançamento do movimento “É da Nossa Conta”, iniciativa do Grupo Esfera Brasil que defende um Estado mais enxuto e eficiente. Motta elogiou a proposta, destacando a necessidade de lideranças que promovam a “reconciliação do país com a verdade”. Para ele, o momento exige coragem para abandonar a lógica da acomodação e abraçar a inovação. “É da nossa conta organizar o presente e preparar o futuro. O futuro começa agora”, afirmou, chamando a atenção para a importância de decisões que impactem positivamente as próximas gerações.
Reforma Administrativa em Foco
Um dos pilares defendidos por Motta é a reforma administrativa, que ele considera essencial para modernizar a máquina pública. O presidente da Câmara anunciou a criação de um grupo de trabalho com prazo de 45 dias para elaborar uma proposta que aumente a eficiência do Estado sem comprometer os direitos dos atuais servidores públicos. “Queremos uma reforma que traga inovações tecnológicas, meritocracia e modernização. Não é contra o serviço público, é a favor do Brasil”, destacou. O grupo, liderado pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), deve focar em eliminar privilégios, como supersalários, e propor incentivos baseados no desempenho.
A proposta visa adaptar práticas do setor privado, como o uso de tecnologias, ao funcionalismo público, além de revisar regras de progressão de carreira e estabilidade para novos servidores. Motta reforçou que os direitos adquiridos dos atuais funcionários serão preservados, mas é necessário corrigir distorções que tornam a administração pública menos eficiente. “O Estado precisa andar na velocidade da sociedade. Hoje, ele atrasa, trava e custa mais do que entrega”, criticou.
Críticas às Isenções Fiscais e ao Aumento do IOF
Outro ponto central do discurso de Motta foi a revisão das isenções fiscais, que, segundo ele, chegam a quase R$ 1 trilhão e são insustentáveis. Ele criticou a falta de acompanhamento sobre os retornos dessas renúncias, argumentando que elas favorecem setores específicos sem benefícios claros para a sociedade. “Isenções fiscais não têm contrapartida. É uma conta que só aumenta e não é acompanhada”, disse, defendendo uma rediscussão para aliviar o peso sobre as contas públicas.
O presidente da Câmara também voltou a criticar o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), proposto pelo governo federal via decreto para arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025. A medida gerou forte resistência no Congresso, com 22 Projetos de Decreto Legislativo (PDLs) apresentados para derrubá-la. Motta classificou o aumento como uma “gambiarra tributária” que prejudica o ambiente econômico e afugenta investimentos. “A sociedade não aguenta mais aumento de impostos”, afirmou, destacando que o Congresso busca soluções estruturantes em vez de medidas paliativas.
Diálogo com o Governo e Expectativas para 8 de Junho
Motta lembrou que, no domingo, 8 de junho, está marcada uma reunião com líderes do Congresso e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir propostas estruturantes do governo. A expectativa é que o Executivo apresente alternativas ao aumento do IOF, atendendo ao prazo de 10 dias dado pelo Congresso após reuniões com Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. “Essa é uma oportunidade única para assumirmos a responsabilidade fiscal como pauta de todos os Poderes”, disse Motta, sinalizando otimismo com o diálogo.
Haddad, por sua vez, reconheceu a agenda “boa e ampla” proposta por Motta e Alcolumbre, destacando que as discussões vão além de resolver o déficit de 2025. O ministro afirmou que o governo está aberto a revisar o IOF caso o Congresso aprove medidas alternativas, e que as propostas serão detalhadas na reunião de domingo. “Estamos confortáveis porque os temas abordados não se resumem a soluções paliativas”, declarou Haddad, reforçando a sintonia com o Legislativo.
Contexto Político e Reações
A postura de Motta reflete um momento de tensão entre o Legislativo e o Executivo, agravado pelo aumento do IOF e pela percepção de que o governo Lula enfrenta dificuldades para articular medidas fiscais. Posts no X indicam que o presidente da Câmara busca se consolidar como liderança ao propor uma agenda reformista, aproveitando o desgaste político do governo. Um usuário destacou que Motta “cortou 465 cargos na Câmara” como exemplo de contenção de gastos, sugerindo que o Executivo e o Judiciário deveriam seguir o exemplo.
Por outro lado, há críticas à proposta de Motta de revisar os pisos constitucionais de saúde e educação, com alguns usuários no X apontando que isso poderia comprometer investimentos sociais. “Hugo Motta quer acabar com os pisos constitucionais de saúde e educação como alternativa ao IOF. É preocupante”, publicou o perfil @Analise2023.
Essas reações mostram que as propostas do presidente da Câmara geram debates acalorados, especialmente entre setores que temem impactos em políticas públicas.
Um Chamado à Responsabilidade Coletiva
Motta enfatizou que a responsabilidade fiscal não é apenas do Executivo, mas de todos os Poderes. Ele criticou o aumento de gastos obrigatórios, como emendas parlamentares e precatórios, que limitam a capacidade de investimento do governo. “Quem não controla suas contas, perde o direito de escolher seus sonhos”, alertou, reforçando que o Brasil precisa de planejamento de médio e longo prazo para reduzir juros e atrair investimentos. ascended
O presidente da Câmara também destacou a importância do diálogo entre os Poderes, evitando radicalizações. “Quando os Poderes se sentam bem intencionados, as soluções aparecem”, afirmou, sinalizando a busca por uma agenda conjunta com o governo e o Senado.
O evento em São Paulo, descrito por João Camargo, presidente do conselho do Grupo Esfera, como palco de um “discurso histórico” de Motta, reforçou a relevância do momento. A pressão por reformas estruturais e o movimento “É da Nossa Conta” sinalizam um esforço do Legislativo para assumir protagonismo na agenda fiscal, em um contexto de desgaste do governa.
Com a reunião de 8 de junho se aproximando, o Brasil aguarda as próximas definições sobre o IOF e as propostas de Haddad. Enquanto isso, Motta reforça sua posição como defensor de um Estado mais eficiente, com menos impostos e maior responsabilidade fiscal, em um momento crucial para o futuro econômico do país. Por Alan.Alex / Painel Político