Precisamos nos encontrar

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Estamos perdidos! Precisamos urgentemente nos encontrar. Sair dessa era das incertezas, das dúvidas, do medo, da crise humana. Sair desse estágio de letargia social, do qual cada um de nós parece não saber mais o que fazer, que rumo tomar, que decisões estabelecer.
O milenar Mito da Caverna atribuído ao famoso filósofo Grego Platão demonstra-se atual. Como propõe o mito, se quisermos dar um novo rumo à nossa sociedade devemos ter a coragem de sair da caverna e buscar a luz, que no seu sentido simbólico significa buscar a verdade, encontrar a essência das coisas, dar sentido à vida, ser o próprio agente da história.
Mais do que nunca precisamos nos encontrar; perceber o papel social que cabe a cada um de nós e ser responsável, atuante e desempenhá-lo com eficácia.  Ao mesmo tempo somos convocados também a perceber o papel do outro e deixar que ele exerça sua função.
Nossa sociedade transfigura-se numa Torre de Babel, ninguém sabe mais o que fazer, o que pode fazer, que medidas podemos tomar. O professor na sala de aula a cada dia que passa torna-se refém do seu aluno mal educado e indisciplinado; o policial refém dos bandidos, pois as brechas das nossas leis incentivam a criminalidade e banalizam o papel atribuído às corporações policiais; os comerciantes reféns dos desejos desenfreados dos consumidores; os meios de comunicação reféns da necessidade de satisfazer o baixo gosto popular; os cantores da mesma forma, através de músicas medíocres; os pais reféns das pirraças dos filhos; são tantos os exemplos que a lista de reféns seria interminável.
Precisamos nos encontrar! Perceber realmente quais são os valores que devem nortear uma sociedade e permitir que eles sejam de fato colocados em prática. Acreditar que precisamos sair da “caverna”, que há luz, esperança, mas para isto acontecer é necessário que cada um de nós saia do comodismo que está impregnado na nossa alma, no nosso corpo, nas nossas reais vontades.
Essa miscelânea social está destruindo tudo. Todos querem dar palpites em tudo, mesmo sem saber nada. A era da razão daqueles que não têm razão, daqueles que são movidos pelas redes sociais, pelos blogs tendenciosos, pelas armadilhas preparadas para aqueles que nada sabem, mas acham que sabem de tudo.
Precisamos nos encontrar! Precisamos ler mais, nos informar mais, estudar mais, agir mais, sair da defensiva covarde que cria uma zona conveniente de conforto. Quem sabe assim nossos dias sejam melhores.
A caverna na qual nossa sociedade se transformou está sombria, escura, fria, desumana. Mas a luz existe, o calor das relações existe, o sol está à espera de todos nós. Mas é preciso ter coragem de querer encontrar a saída, a boca da caverna, pois nela estão os valores que realmente almejamos e precisamos: a justiça, a liberdade, a fraternidade e a igualdade.
Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni.