PRADO – Onde o Extremo Sul baiano acontece

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Por Roberio Sulz

Pode-se afirmar que em Prado há de tudo um pouco e de extraordinário bom gosto. A hotelaria é a melhor da região, sempre bem frequentada, com baixa taxa de ociosidade. Tome-se como referência a Pousada Ponta de Areia e o Hotel Cahy, resorts cobertos por coqueirais, onde se pode sentir, sem intermediários, a brisa e o cheiro do mar. São boas pedidas para se aproveitar integralmente praias de areia brilhante e águas esmeraldinas, verdes e cristalinas; enfim, de dar férias ao computador, aos boletos bancários e aos aborrecidos pedidos custosos.

Ao norte, ainda no perímetro urbano, vale destacar a Pousada Guaratiba, que conserva cândida rusticidade e proporciona clima bucólico, bom para muita coisa, especialmente para se meditar, ler e ouvir boa música. Afora estas, muitas outras pousadas oferecem encantos especiais, conforto e tratamento familiar.

Para Prado vale a expressão: “um toque de bom gosto custa pouco e valoriza muito o que se faz” (sugestão deste colunista para o então Ministro de Minas e Energia, até hoje cravada em pedra nos jardins da Petrobrás, em Brasília). Bom gosto é uma das notáveis características do pradense.  Está sempre dando à cidade um agradável toque de tradição, sem relaxar no conforto nem desperdiçar a beleza natural da cidade. Vale a pena parar para apreciar a extensa e larga avenida Dois de Julho, ornada por casario colorido, que caracteriza a região central da cidade; de exuberância urbanística fantástica. Não raro se veem pintores amadores com cavalete, tela e pincel tentando traduzir em aquarela a beleza da paisagem. No início da avenida o antigo prédio da prefeitura deu lugar ao Museu Orlando Sulz Almeida, onde se pode conhecer a bela história da cidade. Por aquele prédio passaram notáveis homens públicos, sérios, compromissados com a população e a cidade. Em Prado viveram empreendedores que teriam mais sucesso noutras plagas, mas ali “enterraram seu umbigo”, como Epaminondas Almeida, o seu Dandão.  Nunca desacreditaram no povo e na comunidade.

A igreja matriz de Nossa Senhora da Purificação, edificada no século XIX, é um significante marco urbanístico, histórico e arquitetônico da cidade. O Rio Jucuruçu que serpenteia ao sul teve marcante importância na economia de Prado, era a principal via de acesso às roças de cacau interioranas; por ele, chegava-se até ao “Escondido” (hoje Itamaraju), onde se sentia um forte e permanente aroma de café e cacau exalado dos vistosos armazéns.

Prado não economiza virtudes. Por lá ainda se come a original moqueca baiana, sem alho (graças a Deus!) e sem o impalatável colorau (urucum). Mas, tem comida para todo gosto, sempre incorporando novidades, é só pedir. Tanto que já virou tradição o “Festival Gastronômico” anual que leva a Prado reconhecidos e exigentes “gourmets”. Quem vai a Prado para curtir sabores não deixa de fazer ponto no simpático Beco das Garrafas onde se acham restaurantes de distinta categoria, com refinado ambiente e bom atendimento, como o Jubiabá, o Banana da Terra e outros.

Prado acolhe anualmente também um efervescente “encontro motociclístico”. Trata-se de espetáculo ímpar, emocionante mesmo, com a beleza e o ronco de fantásticas máquinas preenchendo inteiramente a grande avenida. Neste último encontro desfilaram pela cidade mais de três mil motos, vindas dos mais diversos pontos do Brasil e das mais variadas marcas e potências. Foi de arrepiar!

Mas, o calendário de eventos festivos de Prado se enriquece ainda mais ao incluir as tradicionais festas religiosas: da padroeira, Nossa Senhora da Purificação, de São Pedro, da Marujada de São Benedito, do bumba meu boi, dos mouros e cristãos e outras tantas que fazem a população local se multiplicar.

Não bastasse tudo isso, Prado ainda foi premiada pela natureza com uma invejável costa oceânica, na qual pontificam exuberantes lugares e praias não urbanas; ao norte, quase todas emolduradas por falésias de areias bancas, amarelas, cor-de-rosa, acinzentadas, douradas, grenás e de outras várias tonalidades, brilhantes como se fosse feitas de micro espelhos. Incluam-se nesse quadro a Praia da Paixão e do Tororão, com sua queda d’água doce sobre a praia salgada, combinação disponibilizada pela natureza para o tradicional banho “tira-sal”, na hora e gratuita. Cumuruxatiba, um pouco mais ao norte, é de perder o fôlego. Por lá ainda se tem com boa mostra da mata atlântica, isto é, da vegetação arbórea costeira de grande porte. No entremeio dessa mata fazem-se agradáveis caminhadas pisando-se em folhas secas, vendo a corrida de lagartos, macacos-prego nas galhadas, aves a gorjearem e exibirem suas lindas plumagens. Lugar sempre fresco, bucólico e silencioso com sua permanente atmosfera de paz.

Logo acima de Cumuruxatiba estão as praias do Meireles e da Barra do Cahy, de onde foi avistado o Monte Pascoal por Cabral e sua esquadra. Apesar de pouco frequentadas, são praias de notáveis charme e romantismo. Para arrematar esses atributos, os pradenses ainda contam, na extremidade norte do seu território municipal, com a paradisíaca e relaxante Ponta do Corumbau, onde gente famosa e políticos restauram suas forças em confortáveis “resorts” e magníficas residências, à sombra de lindos coqueirais. Em resumo, dá para se dizer que Prado não desperdiça um só centímetro de seu território, nem a oportunidade de sediar belos eventos.

*Roberio Sulz é biólogo, biomédico e professor com licenciatura plena em Ciências biológicas (UnB), MSc. (University of Wisconsin, USA). Membro Correspondente da ALAS –  Academia de Letras e Artes do Salvador/BA.  [email protected]