Sigla e abreviatura têm plural, isto é, levam a desinência “s” no final da “palavra” para formalizar a ideia de plural? Nem todas. Não seria necessário o esse? No caso de dúvida, haverá essa indicação; em não havendo, o esse se torna desnecessário.
“M”, abreviatura de metro ou minuto, não tem necessidade de “s”: uma mangueira de 10m de comprimento; 5m de pano são suficientes. Note aí que o esse se torna um obstáculo, já que a finalidade de uso da abreviatura é facilitar – facilita o espaço, pelo menos. Abreviar “10m” para “10 mts”, no final de um texto, seria melhor escrever 10 metros, pois o espaço seria praticamente o mesmo. Em 12h10m, isso é claro, não há necessidade do uso de s, pois tornaria a abreviatura “feia” e incômoda. Imagine a escrita “12hrs e 10ms”, ou “12hrs e 10mins”. Qual a necessidade de uma abreviatura assim? Folha fica abreviada fl, no singular; no plural, fls. Página se abrevia pág., e no plural, págs. Outra forma é p., singular; no plural, pp. PP é sigla de Partido Progressista. Daí a diferença de uma abreviatura com letra minúscula, na maioria das vezes, e a sigla, com letra maiúscula. Isso é necessário.
Alguns órgãos públicos expõem uma espécie de tabuleta para indicar os setores em que há atendimento ao público; isso é bom – uma forma de facilitar o desempenho da empresa, e deixar o cliente satisfeito em ser bem atendido. Mas na hora de criar a sigla para um setor, vêm as escritas estranhas. Digamos que haja “O.A.P”, que seria, para simbolizar um setor, Ordem de Atendimento ao Público. Faltou ali no final um ponto – cada palavra tem sua individualidade: Ordem: O. Atendimento: A. Público: P. Note um ponto para cada letra, e se estão juntas, o ponto permanece: O.A.P. A diferença é que numa escrita moderna, a grafia da sigla pode sem os pontos; o normal com todos eles, e não de forma parcial: OAP, ou O.A.P. Nunca pode ser O.A.P – para detalhar o setor. O uso de “S.O.S”, muito comum em artigos que se referem à segurança em catástrofes, é incorreto. Adiante, de forma desavisada, aparece SOS, corretamente, entretanto. Ou são usados os três pontos, ou nada: S.O.S., ou SOS.
E muitas vezes, quando a intenção é indicar vários setores, aparece a grafia, digamos, OAP’S. Essa forma não existe. O plural dessa sigla, se necessário, é apenas com esse minúsculo ao final; nunca com esse maiúsculo nem seguido de apóstrofo (que se trata desse sinal na parte superior da palavra). Assim, querem fazer com “FOLDER’S”, como se fosse plural. Folder, assim mesmo, é em Inglês; seu plural é folders. Em Português, “fôlder”, e o plural, “fôlderes”. A grafia folder’s em Português não existe.
O leitor poderia dizer que essa dupla grafia não tem importância. Tem si. O idioma precisa de norma para seu controle. Evidentemente, fica feio e inseguro ver-se numa grande empresa escrita de todo tipo sem o amparo gramatical. Outro poderia dizer que “Não existe regra” para tal tipo de… e cita o problema. Existe a regra, mas ela anda oculta; talvez, só o especialista a conheça, ou diga que esse caso se encaixa em… e cita a justificativa.
De quando em vez, encontra-se propaganda com a grafia “EPI’S”, que seria “Equipamentos de Prevenção a Incêndios”. Ora. Primeiro, a empresa não precisa dizer que vende “vários EPI”, e aí inventa sua grafia. O comerciante não precisa dizer que vende “telhas” para dizer que tem esse produto. Basta dizer “telha”, assim como vende feijão, e não feijões; vende arroz, e não arrozes, embora esses plurais existam.
O plural de EPI, se necessário dizer, é apenas EPIs – a sigla em letras maiúsculas, e a desinência de plural (o esse) em letra minúscula. Essa regra está na Gramática Normativa, para que o idioma receba uma ordem, e não fique à deriva.
Plurais corretos: CDs, LPs, SACs, DJs. Outra forma de grafia é pura invenção. A palavra “gospel” tem plural? Sim; em Inglês, gospels; em Português, é preciso que, primeiro, seja aportuguesada para “góspel”, cujo plural é “góspeis”. As formas em Português ainda não estão em dicionário, mas serão obrigatórias, já que esse termo já está incorporado ao nosso idioma.
Para terminar, faça o comentário sobre quem usa “Se você querer…”, “Se ele fazer…”, assim como “Chegou em Teixeira de Freitas…”
Você sabe a história do cearense que usou o sobrenome “Paiva” nos EUA? Ele teve que mudar para “Peiva”, “Piva…” Por quê? Aguarde. Um abraço.
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