A introdução de hoje é feita com duas citações para serem analisadas; em especial, a observação de quem são os costumeiros falantes desses linguajares e seu comportamento, além do nível cultural. Se me for dado o direito de escolher uma, fico com a segunda, por se tratar de um usuário que pouco escreve, talvez, sem nenhuma história escolar; o primeiro seria aquela mocinha que atua como “secretária” de uma empresa ou consultório e se exibe como uma deusa. É uma pena!
“Eu gostaria de estar falando com “Pedro” (nome fictício). Jamais identifica em nome de quem fala, não diz seu nome, nem o porquê do telefonema e de onde se origina a comunicação, sem ter feito, no início, qualquer tipo cumprimento. Quando é que pessoa assim vai cientificar-se de que usa uma linguagem inadequada? 2. “Rúim com eu; muinto mais pior sem eu”, frase de pessoa iletrada comentando sua ineficiência num setor (ela não atua a contento), mas “tudo se tornaria pior sem a presença dela”. O que você acha?
Se for feito um teste com alguém sobre o local onde se servem refeições pagas pelos clientes, para se saber como se chama esse lugar, a resposta seria a mais variada possível. “Restorante”? Parece brincadeira, mas o número de pessoas que pronunciam o termo “Restaurante” dessa forma, mesmo vendo o nome escrito em algum lugar, é espantoso. Como fica difícil entender! Como seria possível explicar!
Possivelmente, de forma enfática, escrevendo-se “RES-TAU-RAN-TE”, assim com letra maiúscula, quase silabada, talvez a pessoa não erre; mas pedindo que vá buscar uma marmita no (…) tal, sem usar essa palavra, mas fazendo uma referência, ela vá dizer – “No ‘restorante’ Santiago Dantas?” (nome de fantasia fictício)
Do Francês “restaurant”, com a pronúncia aproximada de “restorrã”, esse termo se aportuguesou “restaurante”, com a pronúncia clara, assim como se escreve. O Francês é uma língua neolatina, aquela que se derivara do Latim, muito conservadora, ao lado do Italiano.
Esse vocábulo, embora mude de significado, é da mesma família etimológica de “restaurar, restaurante (adjetivo – o que ou aquele que restaura, como pode ser feito com uma obra de arte), restauração, restaurado, restaurável”, motivo que nos induz a pensar que, sendo os termos da mesma família, não deveria haver dificuldade de pronúncia. Ademais, trata-se de um termo fácil, com boa “aparência”, sem que ofereça dificuldade de silabar os fonemas, como em “deflexão, imprescindível, inexorável”, entre outros.
Outra observação, bem a critério da visão deste colunista, é a de que ‘Se a palavra não tivesse sido aportuguesada, como ainda querem usar “stress”, talvez se justificasse o erro’. Mas restaurante se tornou familiar, está no dia a dia, está na estrada quando se viaja, está na praia, está no bairro onde o falante mora… Em todo lugar, é encontrado um pequeno “restaurante”. Por que a pronúncia deturpada?
Ficaria a conclusão de que o falante não respeita a Fonologia do idioma que usa? Fala muito errado e ainda critica o analfabeto que usa “Pedio pra nóis priguntá ao sinhô se vai ‘aver’ aula amenhã…”
Interessante é dizer que “preguntar” é termo correto, do Latim “preguntare”, que historicamente se tornou “perguntar”, por força de metaplasmo, em que os fonemas mudaram de posição dentro do vocábulo, ou o vocábulo perdeu uns e ganhou outros fonemas. “Pluvia” tornou-se chuva, como exemplo, daí pluvial, pluviosidade, pluviômetro, mas volta a chuvoso, chuvisco, chuvarada, termos próprios de nossa simplicidade.
“Preguntar”, no sotaque bem forte, ainda vira “priguntar”, mas a pronúncia não é problema – do contrário, seriam reprovados todos aqueles que falam “tiatro, pirigo, minino, catiguria, jugar” etc. Muitos são esses falantes na TV, muitíssimas sãos as palavras.
Caro leitor, a regra quanto a isso é: a pronúncia é regionalista, e há diferença de uma região para outra, desde que não se arranje outra grafia. Conclusão: a grafia não pode ser mudada; a pronúncia, ou pronunciação, é relevante.
Qual seria a sua posição? Você usaria “im-pre-gui-na”, que seria a pronúncia deturpada de “impregna”? Você falaria “di-gui-no” para “digno”, “ma-gui-no” para magno? E por que usaria “O Governo não ‘desiguina’ novos funcionários para o setor? Ele não de-sig-na… Palavras como magno, digno, adapta, impregna não levam acento gráfico antes da letra muda, que faz parte da sílaba anterior (mag-no) , e ali está a sílaba tônica… Por isso, a comparação foi feita.
Um abraço…
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