Por que, por quê? | Bastidores

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Não fazem tudo de uma vez? Refiro ao asfaltamento entre o trevo de Ibirapuã e a cidade de Lajedão que Seinfra – Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado deixou pra traz, sem fazer. Não seria muito mais econômico terem licitado esses 12 quilômetros? Mas não, tem-se que preparar uma nova licitação e já sabe: o custo é muito mais alto, do que poderia ser concretizado de uma só vez.

 

Não é só dinheiro

Para que serve a Casa da Moeda, que o governo quer privatizar? A Casa da Moeda é uma empresa pública que imprime papel-moeda e produz moedas desde 1694 – quando o ciclo do ouro e a aceleração do comércio fizeram com que Portugal julgasse necessário o Brasil ter seu próprio dinheiro. Ela só perde em idade para os Correios, que existem desde 1663. Na quarta-feira (23), o governo Temer anunciou que quer inserir a estatal em um pacote de privatizações e concessões.

 

Histórico

Vinculada ao Ministério da Fazenda, a Casa da Moeda teve um resultado de R$ 311 milhões de lucro em 2015, última demonstração financeira divulgada. Os clientes são, em sua maioria, órgãos públicos. As moedas e cédulas são fabricadas sob determinação do Banco Central, que também controla a sua distribuição. Em abril de 2017, o governo fechou um contrato para pagar R$ 284,83 a cada mil notas produzidas pela Casa.

 

15 mil passaportes por dia

Além de produzir notas e moedas para substituir dinheiro velho ou repor o volume circulante na economia, a empresa também imprime cédulas comemorativas, selos e passaportes. A Casa tem estrutura para produzir cerca de 15 mil passaportes por dia. Quando a Polícia Federal suspendeu o pagamento do serviço, em julho, isso gerou uma fila de 175 mil pedidos, que estão sendo atendidos até hoje. Em 2016, a empresa produziu mais de 5 mil medalhas para a Olimpíada do Rio. Algumas descascaram e tiveram que ser restauradas, como as do nadador Daniel Dias, o que gerou críticas do público.

 

Privatização

O argumento do governo para privatizar a Casa da Moeda é que, como há cada vez menos dinheiro físico circulando, os gastos fixos não compensam. “O consumo de moedas no Brasil tem caído. Cada vez mais usamos menos papel moeda e a saúde financeira dela está extremamente debilitada, com a previsão de se debilitar ainda mais com o avanço da tecnologia”, disse o ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral.

 

Tendência a quebrar

Conforme o parágrafo acima o Governo quer vender a Casa da Moeda porque está havendo redução de moedas, assim como as de cédulas em papel e aqui cabe a pergunta: quem irá comprar um negócio que está fadado a fechar? Mas não é bem assim, a empresa dá lucro e muito lucro, espero que nossos nobres ‘representantes’ consigam barrar essa aberração.

 

Mauro Rochlin

Professor de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), diz que: “nada impede que uma gráfica estrangeira se candidate”. E ainda: “A ideia de que privatizar poderia levar a fraudes é completamente improcedente. Se alguém quiser imprimir dinheiro falso, já consegue.”

 

Segunda Guerra

Rochlin lembra a Operação Bernhard, quando, durante a Segunda Guerra, os nazistas produziram notas falsas de libras esterlinas para abalar a economia inglesa, sem sucesso. “Não precisaram usar uma gráfica inglesa. Se as moedas brasileiras forem produzidas por outro país, e entrarmos em litígio com esse país, o contrato teria que ser interrompido imediatamente, é claro.”

 

Barro na parede

A própria Casa da Moeda brasileira produziu 50 milhões de cédulas de pesos argentinos em 2011 e já exportou dinheiro para o Haiti e para o Paraguai. “A capacidade instalada deve estar acima do necessário, então teria que buscar mais clientes”, diz Sandro Cabral, professor de economia do Insper. “Mas parece mais que o governo está tentando criar um factoide. Eles jogam o barro na parede para ver se cola. No caso da Eletrobras, colou.”

 

A farra das passagens

Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça 28 denúncias contra 72 ex-deputados por envolvimento na chamada “farra das passagens aéreas”, como ficou conhecido o escândalo de viagens irregulares compradas com verba parlamentar. As denúncias são pelo crime de peculato (desvio de dinheiro público). As denúncias do MPF se referem a casos investigados entre 2007 e 2009. As acusações foram enviadas para a Justiça Federal do DF, que agora vai analisar se abre processo contra os ex-deputados. Muitos deles baianos que posavam de ‘santinhos’.