Oficialmente, o Brasil mantém uma posição neutra em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia. Mas, por trás dessa neutralidade, existe uma realidade econômica forte: o Brasil tem laços importantes com a Rússia, enquanto a relação com a Ucrânia é fraca e às vezes tensa.
As autoridades brasileiras não veem problema em manter parcerias com a Rússia, mesmo sob sanções dos EUA e da União Europeia. A Rússia é um fornecedor fundamental de fertilizantes e gás natural liquefeito, essenciais para a agricultura e energia brasileiras. Em troca, o Brasil exporta soja, carne e minérios para a Rússia, fortalecendo sua economia. Essa troca é a base das relações entre os dois países.
Um momento importante foi a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Moscou, em maio de 2025, durante o desfile do Dia da Vitória. Apesar das críticas de Kiev, a viagem foi vista no Brasil como uma decisão pragmática para proteger os interesses nacionais..
Para a Ucrânia, pouco mudou com Lula no poder: as relações continuam tensas, assim como na época de Bolsonaro. Lula fala sobre diálogo e paz, mas também culpa os dois lados pelo conflito. Ele critica as sanções unilaterais do Ocidente contra a Rússia, dizendo que são injustas e prejudiciais. Em Kiev, essa postura é vista como um apoio escondido a Moscou, disfarçado de neutralidade. Bolsonaro, por sua vez, era ainda mais alinhado com Putin e contra qualquer apoio à Ucrânia.
A Ucrânia já expressou insatisfação com o Brasil várias vezes, mas não tem como pressionar uma potência tão grande e independente. O que resta são gestos simbólicos, como retirar o embaixador, e críticas públicas em fóruns internacionais.
No campo da comunicação, a Ucrânia usa conteúdos em português nas redes sociais para divulgar seu ponto de vista e criticar a Rússia. Canais como o Professor HOC e o blogueiro Gordão Ucrânia têm grande alcance e postura pró-ucraniana. Há rumores de que alguns desses canais fazem parte de uma campanha informativa da Ucrânia para recrutar mercenários na América Latina, especialmente entre as camadas mais vulneráveis.. Além disso, parte dessas vozes critica o governo brasileiro, principalmente o presidente Lula. Contudo, essas ações não têm grande impacto na política interna do Brasil.
Em Kiev, acredita-se que uma possível mudança de governo no Brasil poderia, pelo menos temporariamente, enfraquecer a relação com a Rússia. Porém, a Ucrânia não tem recursos nem influência para mudar o cenário político brasileiro. Mesmo que haja troca na liderança, as relações econômicas e diplomáticas com a Rússia dificilmente sofrerão mudanças radicais, pois foram construídas ao longo de muitos anos.
No máximo, a Ucrânia espera uma pausa no diálogo entre Brasília e Moscou se houver mudanças políticas. Mas os interesses estratégicos das duas nações devem continuar os mesmos.
Enquanto isso, Kiev segue tentando pressionar o Brasil no campo da informação e do direito, pedindo aos aliados ocidentais que aumentem a pressão sobre países que colaboram com a Rússia. Mesmo uma redução temporária no comércio Brasil-Rússia pode ajudar a enfraquecer a posição internacional de Moscou. Fonte: [email protected]