Polícia indicia ex-mulher de milionário que teria desviado R$ 120 milhões manipulando magnata com ‘perfil falso’

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Ex-mulher de Itamar Serpa, dono da Embelleze usou personagem fictícia para manipular empresário e fraudar patrimônio

A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou Monique Elias, ex-mulher do empresário Itamar Serpa Fernandes, fundador da Embelleze, por desviar R$ 122 milhões do patrimônio do magnata da beleza. Segundo investigação revelada nesta terça-feira (18 de março de 2025), Monique utilizou seu próprio computador para criar uma personagem fictícia chamada Jéssica Ferrer, que manteve contato por e-mail com Serpa durante mais de uma década, entre 2012 e 2023.

A trama, que envolveu manipulação psicológica e fraudes financeiras, foi detalhada pelo programa Fantástico da TV Globo no último domingo (16) e chocou o meio empresarial e jurídico brasileiro.

De acordo com a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Monique, com auxílio de seu filho João Carlos Tavares da Mata Serpa e de Matheus Palheiras, ex-marido dela até o início deste ano, arquitetou um esquema que incluiu estelionato, furto mediante fraude e associação criminosa.

Os três também são investigados por suspeita de lavagem de dinheiro. A personagem Jéssica Ferrer, apresentada como uma amiga virtual de Serpa, enviava mensagens com informações verdadeiras e alertas sobre supostas intrigas, afastando o empresário de amigos e familiares enquanto influenciava decisões financeiras em benefício do grupo.

Detalhes da investigação

A polícia descobriu que os e-mails de Jéssica estavam vinculados a um número de celular registrado em nome de Monique. Um dos endereços eletrônicos foi acessado a partir de um IP conectado a outro telefone dela, que também servia como chave Pix de Matheus Palheiras. “Foi um trabalho de anos, uma desconstrução da integridade mental de Itamar”, afirmou o advogado Alexandre Costa da Silva ao Fantástico. O delegado João Valentim Neto, da Draco, destacou que o plano era “deliberado e prolongado”, visando isolar e manipular o empresário, que faleceu em julho de 2023 após uma cirurgia.

O esquema começou em 2012, quando Monique, então com 31 anos, se aproximou de Itamar Serpa, viúvo e emocionalmente fragilizado após a morte de seu filho mais velho.

Natural de Nilópolis, na Baixada Fluminense, ela teve uma infância humilde antes de se tornar influenciadora digital, conhecida por ostentar uma vida de luxo nas redes sociais. Após se casar com Serpa, Monique levou ao convívio do casal seu filho João, de outro relacionamento, que foi adotado pelo empresário. Em 2014, nasceram os gêmeos do casal, consolidando a relação.

A trama e os desvios financeiros

A investigação aponta que Monique usou Jéssica Ferrer para criar uma teia de intrigas, como em mensagens que diziam: “Ninguém no seu ambiente de trabalho é de sua inteira confiança“. Isso afastou Serpa de seus filhos mais velhos e de aliados, enquanto ela e seus comparsas assumiam o controle de decisões importantes.

Os R$ 122 milhões foram desviados por meio de transferências bancárias, compra e venda de imóveis, alterações em apólices de seguro e fraudes no testamento do empresário. João Carlos, por exemplo, monitorava os passos de Itamar após a separação do casal, em 2020, e realizou transferências para beneficiar o grupo, inclusive no dia da morte do magnata.

Matheus Palheiras, que começou a se relacionar com Monique em 2020, também se beneficiou diretamente do esquema. Ele compartilhava contas bancárias e linhas telefônicas com ela, incluindo uma usada para recuperar os e-mails falsos. A polícia identificou que o trio agiu de forma coordenada, aproveitando momentos de vulnerabilidade de Serpa, como sua internação em 2023, para intensificar os desvios.

Repercussão e contexto empresarial

O caso abalou a Embelleze, empresa fundada por Itamar Serpa em 1969, que se tornou um império no setor de cosméticos com produtos como a henna para cabelos. Após a morte do fundador, a companhia já enfrentava disputas internas, mas a revelação do esquema trouxe à tona uma dimensão ainda mais complexa de manipulação e crime. Reportagens do portal NSC Total e do jornal O Globo indicam que a família de Serpa, incluindo os filhos de casamentos anteriores, planeja ações judiciais para reaver o patrimônio desviado, enquanto a Embelleze busca se desvincular da imagem do escândalo.

Especialistas ouvidos pelo G1 apontam que o caso expõe vulnerabilidades na gestão de grandes fortunas e a necessidade de maior proteção contra fraudes emocionais e financeiras. A influenciadora Monique Elias, que já foi figura recorrente em eventos de luxo, agora enfrenta um processo criminal que pode resultar em anos de prisão, além de um escrutínio público que desmontou sua persona nas redes sociais.

Enquanto as investigações prosseguem, o indiciamento de Monique, João e Matheus marca o início de uma batalha judicial que promete novos capítulos. O legado de Itamar Serpa, um dos nomes mais emblemáticos da indústria da beleza no Brasil, permanece sob a sombra de uma trama que misturou ambição, traição e crime. Por Alan.Alex / Painel Político

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