Investigação aprofunda crimes cometidos na antiga Diretoria de Abastecimento da empresa. São cumpridos mandados em Niterói (RJ)
Os pagamentos ilícitos teriam sido operacionalizados por um empresário investigado, que, para ocultar e dissimular a origem espúria dos recursos, teria celebrado contratos de prestação de serviços fictícios com a empreiteira, bem como emitido notas fiscais falsas. Os recursos seriam, então, destinados para o custeio de despesas pessoais do diretor da estatal, a exemplo de benfeitorias que teriam sido realizadas em seu apartamento.
Por sua vez, a fim de auxiliar a resolução comercial de pendências contratuais que a empreiteira tinha junto à estatal, pagamentos teriam também sido operacionalizados em benefício do agente político responsável pela indicação do então diretor de Abastecimento, mediante entregas de recursos em espécie para a chefe de gabinete do parlamentar.
O avanço das investigações, assim como as provas apresentadas pelo empreiteiro colaborador da Justiça, revelou que parte dos recursos recebidos pelo operador investigado eram destinados à investigada que ocupava a posição de secretária do diretor de Abastecimento.
Mensalidade paga
Diversas mensagens de e-mail, SMS, além de análise de documentos e extratos de pagamentos obtidos durante a investigação, mostraram que a funcionária, valendo-se de sua posição, solicitava vantagens indevidas ao operador, as quais eram atendidas pelo investigado e se materializavam na quitação de mensalidades (pagamentos de boletos de estabelecimento de ensino superior) de curso do filho da investigada. Tais despesas eram suportadas pelo investigado com os recursos obtidos a partir do acerto mantido com o empreiteiro colaborador da Justiça.
Assim, as medidas judiciais cumpridas hoje visam elucidar a possível prática de crimes narrados pelo colaborador, assim como aprofundar o rastreamento de recursos e bens de origem criminosa.
A investigação policial recebeu o nome de Operação Laissez Faire, Laissez Passer por causa da aparente banalidade e perspectiva de impunidade com que crimes teriam sido praticados nas mais diversas esferas hierárquicas da empresa vítima.
A Polícia Federal segue nas investigações para identificar e responsabilizar os suspeitos dos crimes. Por Mirelle Pinheiro / Metrópoles