“Petrobras deve retomar distribuição de combustíveis”, defende Deyvid Bacelar

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Líder da FUP critica privatizações, preços abusivos e distribuição de dividendos; “reduções do governo não chegam aos consumidores”, afirma

(Foto: ABR | Divulgação)

247 – Em declaração nesta sexta-feira (16), o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, cobrou o retorno da Petrobras ao setor de distribuição de combustíveis no Brasil. Segundo ele, essa medida é essencial para garantir que a gasolina e o diesel cheguem aos postos com preços mais justos. A declaração foi registrada em matéria publicada pelo site da FUP.

Bacelar criticou o atual cenário em que os preços continuam elevados em estados como Bahia e Amazonas, mesmo após cortes promovidos pelo governo federal. De acordo com o dirigente, a responsabilidade por essa distorção recai sobre as refinarias privatizadas e a Vibra Energia, empresa que assumiu o controle da distribuição após a venda da Petrobras Distribuidora durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

“A Vibra Energia vem utilizando a marca Petrobras e até mesmo a marca BR Mania, através de um contrato feito no governo anterior por um período de 10 anos. O governo Lula já sinalizou que esse contrato não será renovado. No entanto, ainda não temos, por parte da Petrobras, nenhum movimento indicando a criação de uma nova empresa subsidiária para cuidar da distribuição”, apontou Bacelar.

Segundo ele, a FUP defende o retorno da estatal a esse setor estratégico e já levou essa proposta ao programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Fizemos essa indicação no Capítulo de Energia do programa de governo do presidente Lula”, lembrou Bacelar, que também integra os conselhos do CDESS e do CPS.

Apesar da queda superior a R$1,45 no preço do diesel anunciada pelo governo, Bacelar afirma que a redução não chega às bombas. Como exemplo, ele citou a Acelen, controladora da antiga refinaria Landulpho Alves (RLAM), que, segundo ele, continua elevando os preços ao invés de reduzi-los.

No caso do Amazonas, a situação é ainda mais crítica. A gasolina chega a ser vendida por até R$9 o litro. Bacelar denuncia que a Refinaria da Amazônia (REAM), pertencente ao grupo Atem, importa combustíveis pela Zona Franca de Manaus com isenção de impostos e repassa o custo elevado à população. “Eles importam combustíveis pela Zona Franca de Manaus, ganham isenção de todos os impostos federais e vendem essa gasolina a nove reais”, disse.

O dirigente sindical também voltou a questionar a política de distribuição de lucros da Petrobras, que beneficiaria principalmente acionistas estrangeiros da Bolsa de Nova Iorque. “Não compreendemos como uma empresa tão lucrativa como a Petrobras, que paga R$11 bilhões em dividendos para seus acionistas, possa deteriorar o pagamento da remuneração variável dos trabalhadores e trabalhadoras da empresa”, criticou. A estatal divulgou um lucro de R$35 bilhões no primeiro trimestre de 2025.

Outro ponto levantado por Bacelar foi o impasse nas negociações trabalhistas. A FUP entregou uma contraproposta tratando de temas como teletrabalho, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e segurança no ambiente de trabalho. “Estamos em estado de greve, aguardando uma resposta da empresa”, alertou, cobrando a recomposição do efetivo após a perda de 40 mil postos durante os governos anteriores.

Ao final, Bacelar expressou indignação com declarações da nova presidenta da Petrobras, Magda Chambriard, que teria sugerido austeridade com foco na redução de custos com pessoal. Para o líder sindical, essa proposta é inaceitável. “Nós representamos apenas 7% dos custos totais dessa grande empresa de capital intensivo, que fatura mais de 500 bilhões de reais por ano. É óbvio que não iremos aceitar isso”, afirmou.

 

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