Parábolas do Cotidiano

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“Todo ponto de vista é a vista de um ponto”. L. Boff

Por Joalbo Brandão*

É muito comum nos dias atuais usarmos brocardos extraídos da própria bíblia, por mais que algumas pessoas não conheçam sua origem. Expressões como: “Decisão salomônica”; “Separar o joio do trigo”, até as famosas “Preciso ver para crer” ou “o cair é do homem e o levantar é de Deus”. Essas frases são extraídas da bíblia para explicar nosso dia a dia. Pessoalmente, gosto muito de elucidar a nossa sociedade com a parábola do CREDOR INCOMPASSIVO por sua aplicação tão atual da comunidade em que vivemos. Essa estória é relatada no evangelho de Mateus, Capítulo 18 versículos de 23 a 35.

Nesta passagem Jesus apresenta um servo que foi posto diante do rei para lhe prestar contas e este lhe devia dez mil talentos (24). O Senhor não diz como aquele servo contraiu uma dívida tão alta, mas simplesmente enfatiza que a dívida daquele servo era muito grande. Mas Jesus nos diz que “o rei daquele servo, compadecendo-se, perdoou-lhe a dívida” (27). Que atitude misericordiosa do rei! O que Jesus quer nos ensinar com isso? A atitude daquele rei em se compadecer e perdoar a grande dívida daquele servo é uma ilustração da atitude misericordiosa de Deus em perdoar nossas dívidas. A consequência disto é o grande exemplo de como cuidar das pessoas a nossa volta, dos indivíduos da comunidade onde estou inserido, de como devemos ter um outro olhar para com nosso próximo.

Jesus usou esse recurso para dizer da posição ética básica do cristão em relação ao outro, em específico Ele explica para Pedro quantas vezes o homem deveria perdoar o irmão. Mostrando que nós somos eternos devedores de Deus e que Ele nos perdoa a todo momento. Jesus se coloca como REFERÊNCIA de como devemos tratar o próximo em nossa sociedade.

Quando leio essa parábola concluo que a responsabilidade social entre os indivíduos é uma questão de mandamento, de SOLICITUDE, que todos devem ter uns com os outros, entendendo que o homem é mais que uma alma destinada para eternidade, mas que neste caminho (que é o próprio Jesus, Jo 14:06) ele precisa ter solicitude acerca das necessidades sociais. Que é a responsabilidade do cristão para com os pobres, com as viúvas, pelos órfãos, enfim, com o próximo. (Tg 2:15,16).

Em tempos de polaridade precisamos ter Compaixão, perdoar, por que nós nunca conseguiremos entender a pressão que as outras pessoas sofrem no seu dia a dia. Nós poderíamos tentar entender um pouco mais uns aos outros, ter um pouco mais de compaixão, ou como dizem por aí EMPATIA. Tentar ver a situação pelo ponto de vista do outro.

Precisamos de mais disposição para calçar os sapatos da outra pessoa e percorrer pelo menos na imaginação, o caminho que ela percorreu. Aprender a pensar de forma diferente. Nos abrir para outras perspectivas e opiniões. Um pouco de gentileza e paciência nos levam mais longe na conquista dos bons relacionamentos.

Cada pessoa está enfrentando sua própria batalha, talvez uma batalha que você nunca vai enfrentar. Por isso precisamos praticar um pouco mais a parábola do devedor compassivo, entender o próximo, “respirar” antes de uma acusação, antes de reagir.

Parafraseando o Pe. Leonardo Boff “passamos por uma crise de civilização que deve resgatar nas pessoas a preocupação com o cuidado, com o outro e o motor para isso é a empatia, e o nosso grande desafio é como fazer para que as atuais lideranças levem essa capacidade de seguir o AMOR de Cristo, de ser empático em seu dia a dia.

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