Ex-candidato a presidente da República, Padre Kelmon processou companhia aérea após passar 24 horas em aeroporto com “fome” e “sede”

Ex-candidato a presidente da República, Padre Kelmon (PL) processou a Azul Linhas Aéreas após relatar ter passado “fome” e “sede” em um aeroporto de Salvador, na Bahia, devido ao cancelamento de dois voos por parte da companhia, em setembro passado.
Conforme revelou a coluna nesta segunda-feira (17/3), o político-religioso perdeu a ação pois não conseguiu “comprovar pobreza” perante a Justiça e não pagou as custas judiciais.
No processo, a defesa dele alegou que Kelmon sofreu prejuízos significativos devido aos cancelamentos e que a companhia aérea feriu o Código de Defesa do Consumidor. “Ele foi obrigado a suportar fome, sede e a impossibilidade de realizar suas necessidades mais básicas, como alimentação e higiene pessoal”.
“O requerente [Kelmon], por sua condição econômica, não possuía recursos financeiros suficientes para arcar com suas necessidades básicas. Sem dinheiro para adquirir água ou comida, e contando apenas com a roupa do corpo e sua bagagem, o requerente se viu forçado a aguardar no saguão do aeroporto por uma solução”, prosseguiu a defesa do religioso.
O objetivo da viagem era participar da inauguração de um comitê político na capital paraibana. “Evento considerado de extrema importância para sua carreira pública”, argumentou a defesa no processo.
Antes da viagem cheia de problemas, Kelmon se filiou ao Partido Liberal (PL), comandado por Valdemar Costa Neto. A legenda tem entre seus filiados o ex-presidente da República Jair Bolsonaro.
Conforme noticiou a coluna nesta segunda-feira (17), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiu arquivar e encerrar uma ação de indenização movida pelo Padre Kelmon contra a Azul, porque o religioso não pagou as custas judiciais para o andamento do processo.
O ex-candidato a Presidência da República nas eleições de 2022 alegou nos autos que teria ficado mais de 24 horas no saguão do aeroporto sem assistência da companhia aérea. Kelmon chegou a reportar o caso nas redes sociais no mesmo dia, quando, segundo disse, completavam 12 horas de “descaso” da Azul.
O padre se declara “sacerdote sem renda própria e dependente de doações” e requereu, inicialmente, os benefícios da Justiça gratuita.
O benefício foi indeferido, porque o religioso não apresentou provas solicitadas pela Justiça, como extrato bancário dos último três meses, que comprovassem a “hipossuficiência” dele. Nas eleições de 2022, ele declarou ter R$ 8 mil na poupança, seu único patrimônio.

O que é o benefício da Justiça gratuita solicitado por Padre Kelmon
Ao mover a ação contra a Azul, Padre Kelmon pediu o benefício da Justiça gratuita. O benefício livra uma das partes do processo de arcar com as custas judiciais.
Toda ação judicial gera uma série taxas e despesas aos tribunais, por exemplo, com custos de impressão, remessa processual, diligências, entre outros encargos burocráticos.
Como Padre Kemon pediu a concessão do benefício, a juíza Renata Longo Vilalba Serrano Nunes solicitou que ele apresentasse provas, sob pena de indeferimento do benefício de gratuidade.
Dessa forma, o religioso teria que apresentar o Registrato do Banco Central com os extratos bancários dos últimos três meses, bem como os extratos de todas as faturas de cartões de crédito e débito do mesmo período.
Como Padre Kelmon não apresentou a documentação solicitada, o pedido de justiça gratuita foi indeferido em decisão de 30 de outubro de 2024. A magistrada deu prazo de 15 dias para o recolhimento das custas processuais, sob pena de extinção do processo.
A defesa de Padre Kelmon tentou reverter a situação duas vezes, pedindo parcelamento do pagamento, o que também foi negado pela Justiça
Como não houve pagamento dentro do prazo estabelecido, a juíza Tais Helena Fiorini Barbosa encerrou o processo e arquivou o caso dele contra a Azul. A sentença transitou em julgado em 10 de fevereiro deste ano.
Reprodução
A coluna procurou Padre Kelmon e a defesa dele. Mas não houve retorno. O espaço segue aberto. Por Manuel Marçal e Tácio Lorran / Metrópoles