O fim da democracia e a soberania da Casa Grande

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Que período assustador para o Brasil. A democracia é violentada e nada é feito. A mídia (Globo), a oposição ‘legítima’ e os oportunistas peemedebistas se uniram e derrubaram a vontade popular. Anularam a escolha soberana de mais de 54 milhões de pessoas, as quais decidiram que Dilma, a mulher do Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos, Mais Médicos, aquela que instituiu a Lei da Partilha, permitindo que o petróleo brasileiro fosse nosso, não de empresas estrangeiras, e destinou os royalties do petróleo à educação, mesmo contrariando o Congresso. Dilma é a mulher do Ciências sem fronteiras, Pronatec, da ampliação do Prouni e Fies. Dilma é a mulher que tirou o Brasil do Mapa da Fome, a mulher que deu moradia e comida ao pobre, a mulher que deu dignidade aos empregados domésticos quando aprovou a PEC do setor. É a mulher que diminuiu as discrepâncias sociais, que permitiu ao filho da doméstica e do pedreiro ser doutor. Dilma é mulher forte que venceu a ditadura militar, mas, recebeu uma rasteira da vida em pleno século XXI e se viu vítima da ditadura da corrupção, aonde aquele que não deve, ‘teme(R)’. Ela pagou um alto preço por ser honesta(?), afinal, o que são pedaladas fiscais diante dos crimes aos quais respondem aqueles que usurparam a Presidência? Será que tudo isso ocorreu por que ela é a mulher? Tantas perguntas…
Deixo um texto do Fernando Drummond que explica o que aconteceu neste triste dia 11 de maio, embora, ainda haja coisas sem respostas.
“Há noites que duram anos. Há dias que duram séculos. Esta foi uma noite e este será um dia. Escolhi o lado difícil da história, escolhi o lado ‘justo’ da história. Poderei dizer a meus futuros filhos e netos que a primeira mulher Presidenta do Brasil foi usurpada do poder por seres humanos traidores, vendidos, sem palavra e sem honra. Sob à tutela de Deputados com contas na Suíça, ex-Presidente da República desviando dinheiro para bancar, no exterior, amante e filho, Senadores traficantes de drogas, Senador que possui trabalho escravo em seus latifúndios, fanáticos religiosos e tantos outros. Esta mesma mulher, que aguentou, por três anos, a prisão, tortura física, moral e sexual, aguenta, de pé, a mesma tortura, com a devida proporção. Houve erros? Sim. Houve alianças espúrias? Sim, em nome de uma frágil governabilidade. Aliás, poderia enumerar uma série de equívocos, mas não foram eles os responsáveis por tirar Dilma Vana Rousseff do poder. Foram seus acertos. Quando Lula foi eleito em 2002, a Casa Grande apostou em quatro anos de fracasso, estampado no medo de Regina Duarte, a namoradinha do Brasil. Os governos de Lula foram os melhores da história de nosso país, fazendo sua sucessora duas vezes. Ah, isso é inadmissível para a elite. Como um analfabeto, torneiro mecânico, pode chegar tão longe e ser o brasileiro com maior títulos Doutor Honoris Causa? Enfim, a Casa Grande não suportou ver o povo pobre ocupar a vaga de seus filhotes nas universidades federais, que, em tempo, nos últimos treze anos foram criadas mais do que nos quinhentos e dois anos anteriores. A Casa Grande não admitiu que empregadas domésticas (um termo lamentável) tivessem mais direitos, pois ficou mais caro “tê-las”. Para eles, é um absurdo, um outro ser humano ter mais direitos trabalhistas. A Casa Grande não suportou o fato de ver 40% a mais de negros adentrar o portão principal das universidades. Aeroporto ter virado rodoviária. A Casa Grande tremeu com a alta do dólar, atrapalhando seus passeios anuais para Miami. Tantos e tantos outros exemplos que só mostram que a Casa Grande precisa tirar esta mulher do poder, afinal eles precisam da Senzala para que nunca deixem de ser A Casa Grande.”