O choque da corrupção levou empresários a se reunirem às portas fechadas com o presidente Michel Temer no último dia 20 em Nova York. Enquanto o assunto central era a questão da Coréia do Norte e suas constantes ameaças, o Brasil passava de coadjuvante a protagonista. A cena principal: A corrupção que tomou conta em todos os segmentos do país da Lava Jato à JBS caracterizou a descrença em investir no Brasil.
A corrupção também reduz os investimentos (infraestrutura e serviços públicos), levando a reduções na produtividade do capital privado. Mandar à cadeia figuras poderosas do país não bastará para mudar a impressão negativa que muitos investidores estrangeiros têm do nível de contaminação dos negócios pela corrupção – estamos falando de transações simples, que nem sequer chegam às páginas dos jornais e passam despercebidas pelos órgãos de controle.
À medida que o arcabouço de segurança legal criado pela Lei Anticorrupção se mostra frustrante e não operacional para um dos maiores gestores de fundos do mundo, os investidores produtivos estrangeiros devem virar as costas para não mais voltar.
Reformas estruturais e estabilidade política são essenciais para que o Brasil retome uma trajetória de crescimento. Em paralelo, o sistema judiciário precisa mostrar sua independência e enfrentar a corrupção com a mesma celeridade e eficiência em casos relevantes e nos não tão espetaculares.
Se isso não acontecer, a campanha para responsabilizar os poderosos não terá ajudado a transformar o Brasil na potência que o país merece ser.
O Brasil infelizmente não está no mesmo patamar de países do primeiro escalão da Europa, EUA [no combate à corrupção]. Indiretamente isso atrapalha a gente no dia a dia porque quando você faz um investimento, você espera um retorno, e quando você tem um País com índice de corrupção alto ou um País com instabilidade política e econômica alta, você espera um retorno maior porque você tem um risco associado. Então na prática isso impacta a gente todo dia.
Os subornos ainda servem para obter subsídios estatais, redução de impostos, licenças, aprovação acelerada de projetos, contratos em privatizações e decisões legais favoráveis ao grupo “Em resumo, o objetivo é driblar o mercado e os processos legais para extrair benefícios privados, à custa de concorrentes e cidadãos de algumas partes do mundo.”
O trabalho de combate à corrupção feito pelo Brasil vem sendo reconhecido, pois há alguns anos não muito distante quem imaginava figuras tão oponentes presas (Palocci, Cunha, Cabral, Geddel. etc..). O que precisa ser feito é a renovação a qualquer custo, começando pela Reforma Política e passando pela Reforma Ética de uma geração cansada de ver tanto discurso envolvendo a corrupção.
Victoria Angelo Baacon
Jornalista e Secretária Executiva