O carnaval no Rio (2)

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Final – O carnaval passou qual onda furiosa, levando, como sempre, todos os bons sentimentos ainda vacilantes, que aguardavam a âncora da fé pura, a fim de se consolidarem no mar infinito ala Vida.

Diante das vibrações carnavalescas do povo carioca, nós nos calamos, porém, como o homem que lastima as irreflexões de um amigo, silenciando, quanto ao seu proceder, em face das qualidades generosas que lhe exornam a personalidade.

Somos dos que creem na eficácia da educação para o extermínio completo desses excessos dolorosos, porquanto todo o problema é de ordem educativa.

A propósito dessa necessidade imediata do nosso povo, apraz-me recordar, nesta página, a lenda da maçã podre, que alhures, sem poder determinar, no momento, o objeto preciso de minha lembrança.

Reunidos na praça pública, alguns velhos patrícios romanos falavam cios desvios do Império e da penosa decadência dos seus costumes em família.

Alguns, possuidores de esperança, apelavam para a guerra ou para novos decretos de força que compelissem os seus compatriotas ao cumprimento dos mais sagrados deveres da existência. Contudo, um dos componentes do grupo tomou de uma grande maçã podre, exclamando:

– “Esta maçã, meus amigos, é o símbolo do atual Império. Nunca mais voltaremos ao seio das nossas antigas tradições!…

No dia em que esta fruta voltar a ser bela, retomando a sua pureza primitiva, também nós teríamos restaurado a alegria de nossa vida, com a volta aos sagrados costumes!…”

Os companheiros seguiam-lhe a palavra, com atenção, quando o mais velho e o mais experiente de todos respondeu com austera nobreza:

– “Enganais-vos, meu amigo!…

Poderemos renovar a nossa vida, como essa fruta poderá vir, mais tarde, a ser nova e bela.

Tomemos as sementes desta maçã condenada e deitemo-las, de novo, no seio da terra generosa.

Cultivemos os seus rebentos com cuidado e amor e, sob o amparo do tempo, o nosso esforço vê-la-á multiplicada em novas maçãs frescas e formosas!

Façamos assim também com o nosso povo.

Busquemos semear na ala das gerações florescentes os princípios sagrados de nossas tradições e dos nossos hábitos e, mais tarde, toda podridão terá passado na esteira do Tempo, para caminharmos pelo futuro adentro com a pureza do nosso idealismo!”

O carnaval é a maçã podre do Rio de Janeiro. Na sua intimidade, porém, está a semente generosa dos elevados sentimentos da alma brasileira.

Cultivemos essas sementes sagradas no espírito das gerações que surgem. Que se congreguem todos os núcleos do bem e, muito especialmente, os do Espiritismo cristão, para as sublimadas realizações desse grande labor educativo, e a podridão terá passado com o tempo, a fim de que possamos trabalhar, em nosso sagrado idealismo, sob as luzes generosas e augustas do Cruzeiro.

(Do livro “Novas Mensagens”, de Humberto de Campos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, págs. 34/38, 5.° ed. FEB Reformador – Fevereiro de 1975). Muita Paz!!!

(Do livro “Novas Mensagens”, de Humberto de Campos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, págs. 34/38, 5.° ed. FEB Reformador – Fevereiro de 1975)

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