Por Roberio Sulz
Estamos em 2025, após escaparmos por mais de meia década de assustadoras turbulências políticas e terrível pandemia que nos obrigou a mudar de costumes. No primeiro dia deste ano Heitor Mariano foi empossado como prefeito de Alcobaça. A cerimônia, ímpar na história das posses governamentais, deu-se no interior da Igreja Matriz de São Bernardo, engrandecida por ato ecumênico, com a participação do bispo diocesano, do pároco local e de cinco pastores evangélicos sendo um da Igreja Luterana e outro da Igreja Presbiteriana, vindos de Salvador/BA especialmente para prestigiar o fraterno amigo Heitor. Também veio de Salvador, o governador do estado da Bahia secundado pelos secretários estaduais de desenvolvimento urbano e de saúde.
No espaço elevado da nave que se interpõe entre o local dos fiéis e o presbitério propriamente dito foram arranjados os assentos para o prefeito eleito e seu vice, Bento Gabriel, para os vereadores eleitos, bem como para as autoridades e convidados especiais.
Heitor Mariano pediu elegantemente aos alcobacenses que brindassem sua posse com muita oração e cantos fáceis de serem ouvidos; nada – absolutamente nada – de foguetórios nem bombas, muito menos paredões e trios elétricos. Enfim, nada que pudesse assustar os animais que compartilham conosco as agradabilidades da cidade.
Comemorava-se ali a chegada ao poder não apenas de um político, mas de um governante que fazia questão de ser reconhecido como gestor desvinculado de lado político-partidário e das arengas ideológicas. Notável feito foi o sufrágio eleitoral; o novo prefeito recebera mais de oitenta e cinco por cento dos votos válidos. Teve como programa de governo esforços governamentais compartilhados com a população para a redução das desigualdades sociais e para o desenvolvimento comunitário integral.
Heitor não é de fazer promessas inviáveis nem demagógicas. Seu currículo contempla uma história de trabalho com resultados inequívocos a mostrar.
Em 2020, quando se discutiam nomes de candidatos à prefeitura e vereança, Heitor aproveitou a oportunidade para pautar primariamente nas conversas e discussões programas de trabalho visando à solução dos muitos problemas que afetam a comunidade e suas forças econômicas. Saiu em campo para conversar com lideranças empresariais, religiosas, culturais e outras. Não discutia nomes postulantes à governança municipal. Para ele, coisa secundária. Importante era discutir Alcobaça enxergando-a como uma saudável comunidade (= comum unidade). Contemplava várias ideias, algumas já formatadas como projetos sob justificativas bem fundamentadas, modos de execução e fontes de recursos passíveis de obtenção. Trabalho sério que fazia conquistar credibilidade junto a colaboradores.
Com o apoio compromissado de colaboradores e bons projetos na mão, criou e formalizou a Fundação Frei Elias como instituição articuladora e operadora.
Assim foi que conquistou da Caritas Diocesana a gestão do Hospital São Bernardo e do Lar dos Idosos; das Irmãs Franciscanas, obteve a cessão por comodato do imóvel ocioso na Avenida Sete de Setembro, fazendo-o reformado e adaptado como casa de apoio para enfermos em situação de pré e pós tratamento hospitalar bem como de seus acompanhantes. Com apoio da prefeitura municipal, do empresariado local e dos produtores rurais organizados, implantou e fez funcionar um restaurante popular na sede do município, com o valor módico de dois reais por pessoa. Fruto de custosa articulação com empresa de ônibus, conseguiu a cessão por comodato de dois ônibus para transporte urbano, com os quais implantou mobilidade urbana gratuita (e de colaboração espontânea) em duas linhas, sendo uma da Praça da Caixa d’Água ao Jacundá, em ida e volta, e outra de circuito circular partindo também da Praça da Caixa d’Água percorrendo a orla e a Avenida Sete de Setembro.
Tudo isso foi conquistado naquela época para a comunidade alcobacense sem que Heitor estivesse à frente da prefeitura municipal. Contou, ressalte-se, a com a ajuda sua laboriosa esposa, dona Almerinda, além de colaboradores interessados mais na “comum unidade” que em emprego público.
Agora, como prefeito, Heitor Mariano traz consigo um plano mais ousado, porém certo de sua exequibilidade através de parcerias do poder público com o setor privado local, destacando-se, entre outros, os seguintes projetos: (1) revitalização da orla oceânica com desobstrução e recuperação das pistas de caminhada, além da implantação de espaços aparelhados para exercícios físicos; (2) ampliação e reordenação do espaço da feira do produtor rural, com o objetivo de disponibilizar melhor os boxes e gôndolas de comercialização; (3) implantação de albergue para acomodação e pernoite dos feirantes, com preços módicos ou simbólicos.
No setor educacional, Heitor fala em experimentar e introduzir métodos didáticos mais condizentes com a alegria e liberdade de apender e motivadores do bem estar.
Por fim um dos mais belos projetos pensados para a presente gestão municipal é a implantação do LICEU DE ARTE E CULTURA, espaço público de uso e acesso livre, constituído de ampla biblioteca, terminais de acesso à internet, salas de reuniões e debates, atividades para o desenvolvimento de cidadania, com saudáveis práticas comunitárias e de sustentabilidade ambiental, além de oficinas voltadas para artes plásticas, dança, representação teatral e outras.
Não esqueçamos, estamos no ano de 2025, rompendo com o descaso do poder público para com o cidadão e criando uma nova era de bem estar comunitário.
*Roberio Sulz é biólogo e biomédico, professor com licenciatura plena (Universidade de Brasília), MSc. (University of Wisconsin, USA). Membro Correspondente da ALAS – Academia de Letras e Artes do Salvador/BA. [email protected]