Por Carlos Mensitieri
Aqui no Brasil temos vários ritmos musicais e é claro que cada um desses ritmos tem o seu público. Entretanto quem nasceu nas décadas de 60 a 80 foi privilegiado com um repertório de altíssima qualidade na música popular brasileira (MPB). A bossa nova nos brindou com letras e acordes maravilhosos e com artistas de altíssimo gabarito. Os festivais da canção eram desfiles de belas músicas com grandes interpretes.
Como era bom ouvir os grandes cantores e compositores como Chico Buarque, Tom Jobim, Caetano, Gil, Toquinho e Vinícius de Morais entre outros. Já se dizia que Milton Nascimento nasceu e na sua nascença estava a nossa renascença. Milton e os seus mil tons.
Quanta coisa mudou daquela época para os dias atuais com relação à musicalidade no nosso país. Muitos ritmos nasceram como expressão popular ou forma de protesto levando as mensagens das comunidades para toda a população e isso é legítimo e louvável. Todavia, dentro dessa diversidade musical, são produzidas toneladas de lixo sonoro, numa invasão subcultural que leva à decomposição moral, social e estética do artista.
A população é bombardeada com músicas de baixíssima qualidade, numa inversão de valores onde estereótipos são aclamados pela mídia que só pensa em lucros e dividendos. E o pior é que grande parte dessa produção não passa de apelo ao sexo, a droga e ao crime. É uma anticultura intrinsicamente ligada à sustentação de uma ordem mercadológica.
Nota-se claramente a pobreza musical de determinados ritmos, seguindo um caminho sem poesia, estética ou sensibilidade artística. Enquanto isso a boa música está sendo sufocada e os mais jovens não estão tendo a oportunidade de apreciar o melhor da musicalidade brasileira.
A vida nos ensina a viver com arte, mas procuremos sempre encontrar a arte de qualidade, pois a cultura pede socorro.