“Mucuri precisa ser lembrada pelas autoridades”, diz advogado sobre lama de rejeitos

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Mucuri vai voltar à pauta do Comitê Interfederativo (CIF), cujas reuniões aconteceram na quarta (8) e quinta-feira (9), em Belo Horizonte, capital de Minas de Gerais, onde juristas da região defendem que o extremo sul baiano seja reparado pelos danos causados pela lama de rejeitos, que há oito anos prejudicaram a natureza brasileira.

Na última reunião da CIF, realizada em Vitória (ES), o grupo de advogados que representa a Comissão de Atingidos do Extremo Sul da Bahia, tendo como porta-voz o jurista Lúcio Rios, declarou que Mucuri foi porta de entrada para rejeitos de minérios provenientes do rompimento da barragem de Mariana/MG.

Em sua fala, à ocasião, Lúcio pregou o diálogo e a responsabilização pelos danos. “Sou filho de Mucuri. Nós temos que respeitar a CIF, valorizar o trabalho deles. Temos de valorizar os moradores, que saíram por volta das 2h da manhã para acompanhar essa reunião. Eles merecem ser exaltados”, afirmou o advogado, que seguiu com sua explanação:

“Mucuri faz divisa com o Espírito Santo. Quando a lama de rejeitos chegou ao mar, foi para o norte e para o sul. Mucuri foi porta de entrada de rejeitos de minérios. A Vale é responsável pelos rejeitos de minérios no oceano e na Bahia. Por que estão reparando o Espírito Santo e MG, e não a Bahia? Juridicamente, é incontroverso o dano ambiental na Bahia. Resta saber como chegarão a essas indenizações ao nosso Estado. Há a obrigação de indenizar nossa Bahia por questão ambiental, social e por saúde pública”, finalizou o advogado.

Agora, em Minas Gerais, o advogado vai reforçar a pauta. “No último domingo (5/11), completaram oito anos desta tragédia que afetou Minas, Espírito Santo e, também, a Bahia. Muitos dos crimes irão prescrever. E, lamentavelmente, muitas gerações podem pagar por esse preço de não haver reparação. São pessoas simples, que dependem integralmente do meio ambiente para sobreviverem. Mucuri precisa ser lembrada pelas autoridades”, analisou.

Ainda em setembro, a comitiva de representantes do extremo sul baiano se reuniu, em Salvador, com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Eduardo Sodré Martins.

No encontro, na sede da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, o titular da pasta garantiu aos representantes do extremo sul baiano que alinhamentos estão sendo verificados para o combate dos impactos ambientais em Mucuri e cidades vizinhas. Além disso, frisou ao grupo que a pauta é importante para o Estado.

Histórico

Em 2015, a Barragem de Fundão, da mineradora Samarco, se rompeu no município de Mariana, em Minas Gerais. Rejeitos provenientes desse rompimento provocaram um dos maiores desastres ambientais do mundo. Foram liberados 40 milhões de metros cúbicos de lama, que deixaram 19 mortos, e destruíram comunidades inteiras ao longo da bacia do Rio Doce.

Esse material que passou pelo Rio Doce e atingiu Minas Gerais, Espírito Santo e, também, a Bahia está repleto de metais pesados, como zinco e cobre. No Parque de Abrolhos, um dos cartões-postais do extremo sul baiano, foram encontradas quantidades acima do normal de ferro, de cobre e de zinco, o que comprova os danos para o litoral nordestino.

O advogado Lúcio Rios, representante da Comissão de Atingidos do Extremo Sul da Bahia, realiza articulação em Brasília e em Salvador para que os municípios, como Mucuri, recebam indenização em função dos problemas causados pelos rejeitos despejados.

Um dos pontos que o jurista defende é que a Bahia seja incluída no grupo a ser indenizado pela ação civil pública aberta pelo Ministério Público Federal (MPF), desde 2016. Essa peça pede, em valores atualizados, mais de R$ 200 bilhões, a serem pagos pela Samarco, – controlada pela BHP Billiton e pela Vale –, responsável pela exploração da Barragem.

Lúcio, representando a Comissão de Atingidos do Extremo Sul da Bahia, já realizou missões em Brasília, dialogando com a bancada federal baiana, e expôs ao governador Jerônimo Rodrigues sobre a necessidade de haver essa reparação. Fonte: Ascom