Miscelânia Brasileira

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Por Carlos Mensitieri

Para se inibir os crimes contra o erário no Brasil, seria necessário que o cidadão brasileiro tivesse dentro de si uma consciência cívica e uma boa dose de ousadia. Mas, será que os brasileiros sabem o que é civismo? O que podemos esperar do “futuro da nação” em um país que nos surpreende a cada dia com notícias terríveis envolvendo membros dos três poderes, empresários e a própria população civil?

A cada dia acordamos com uma dose maciça de notícias sobre operação A, B, C da Polícia Federal, prendendo pessoas, apreendendo bens, recuperando documentos e nos deixando boquiabertos com tanta corrupção e tantos esquemas para roubar o dinheiro do povo brasileiro.

É chocante o que temos visto no nosso país. Roubo e mais roubo para todos os lados, um verdadeiro mar de lama. A população atônita já não reage. Infelizmente não temos visto nenhuma manifestação.  Um ou outro jornalista abre a boca e mostra a sua indignação e, talvez boa parte da população também esteja indignada, apesar do silêncio coletivo que se tem observado.

Neste mês de agosto fomos bombardeados por todos os lados com as notícias de Brasília. Parece que foi orquestrado para se soltar tudo de uma só vez com o intuito de que a população não conseguisse processar tanta informação junta. Começou com o envio das tropas para o Rio de Janeiro, onde a situação está uma verdadeira guerra civil, mas este é um assunto que trataremos separadamente em outra oportunidade. Em seguida veio a intenção de privatização da Eletrobrás (a qual tiraria a autonomia energética do país), a transformação de uma grande parte da Amazônia em área de mineração (parece que já se esqueceram da tragédia da mineração na bacia do Rio Doce), e ainda foi apresentada a reforma política e o dilema da meta fiscal e do rombo nas contas do governo (Ufa!).

E as metas sociais? Parece que deu um apagão nas metas sociais. Mesmo com as conquistas alcançadas, estamos distantes de resolver os problemas da pobreza nacional e erradicar a miséria que atinge milhões de brasileiros. Isso é devido ao fato de que a maioria dos políticos só pensa nos seus próprios interesses e não mostra sensibilidade com o sofrimento do povo.

A reforma política sem a participação popular vai apenas manter os feudos, as oligarquias e os coronelatos que dominam o Brasil há décadas, e em nome da “democracia” muitas informações serão lançadas nas mídias tendenciosas e manipuladoras, e como não existe uma consciência crítica pela maioria da população, os interesses das classes políticas com certeza serão mantidos.

Para se resolver o problema do Brasil, deve-se investir maciçamente em Educação. O nosso país caminha cegamente ao sabor do analfabetismo, funcional ou total, infelizmente. A evasão escolar está avançando dia a dia. O governo tenta manipular dados, entretanto a realidade é outra. A crise que assola o país, o descaso das instituições e a pobreza têm afastado muitos jovens da escola. E aliado a isto tudo ainda se tem o tráfico de drogas invadindo o ambiente estudantil.

Não é de interesse de quem está no poder acabar com o analfabetismo cultural e educacional, pois certamente se acabaria com o analfabetismo político. Partindo deste princípio, as pessoas com cultura começariam a analisar as estruturas governamentais e os aparelhos do estado. Neste sentido seria difícil a troca de um voto por um par de sapatos ou uma cesta básica, entre outros.

A partir do momento em que o povo for culto, não se deixará dominar por formadores de opinião ou por políticos profissionais. Ao contrário, passará a cobrar dos representantes eleitos os compromissos assumidos, não se sentindo acuado e com medo de represália, e deixará claro ao ocupante do cargo público, que ele é um servidor do povo e que as suas ações devem ser de interesse da coletividade e com transparência para toda a população.

 

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