Mídia: fonte de informações e mentiras

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O século 21 é caracterizado como o século do conhecimento, justamente devido à importância do saber para o desenvolvimento da sociedade. Ser informado, ter conhecimento, tornou-se uma necessidade e ao mesmo tempo uma condição sine qua non para o progresso tanto individual, quanto coletivo.
Mas sabemos que nem sempre foi assim, as detentoras do conhecimento e informação até poucos anos existiam e funcionavam em uma realidade totalmente diferente. A educação era um privilégio de poucos e as mídias que alcançavam as pessoas eram praticamente a televisa e radiofônica; que acabaram ganhando o nome de meios de comunicação de massa, justamente por serem os meios de informação das “massas”, portanto do povo. Nesta escala de alcance das pessoas os jornais impressos e revistas vinham logo em seguida, mas pela própria realidade de escolarização do país figuram longe de serem populares.
Na frente da telinha ou com os ouvidos atentos ao rádio a população ficava informada. Uma notícia criada e transmitida, tanto pela televisão ou rádio, rapidamente atingia um grande contingente de pessoas que acreditavam muitos ainda acreditam, na veracidade e imparcialidade da notícia.
Assim, aos poucos, os meios de comunicação, a mídia, foi ganhando destaque e poder; chegando ao ponto de serem consideradas como o 4º poder do país, ficando atrás somente dos poderes governamentais. E quem tem poder o usa como quer, de acordo com os seus interesses e conveniências. E isto pode significar, manipular a informação, censurar, esconder os fatos, publicar somente o que interessa. Pois no jogo do poder saber usá-lo se torna uma arma, uma estratégia de manutenção do próprio poder e de quem o financia.
Só que com o advento das redes sociais e a popularização da internet, as mídias ganham um novo impulso. E o que era restrito às mãos dos grupos de comunicação, aos donos das redes de televisão, rádios, jornais e revistas, passa a estar ao alcance das pessoas também.
Hoje qualquer pessoa pode criar e transmitir informações. Os aparelhos eletroeletrônicos permitem filmagens, gravações, edições, enfim, tudo aquilo que é necessário para se produzir uma notícia e divulgá-la.
Só que na mesma proporção uma quantidade considerável de pessoas passou a usar deste meio para enganar, para mentir, para criar informações falsas de tudo e de todos. E no meio da avalanche de notícias que todos os dias preenchem as redes sociais, nem sempre conseguimos, por diversos motivos, separarmos as informações verdadeiras das falsas.
Vivemos uma era em que existem pessoas contratadas e especializadas em criar falsas notícias, falsas informações. Até mesmo no facebook, quantos são os fakes criados para desenvolverem tal situação!?
No passado corríamos o risco de ser manipulados, no presente continuamos correndo o risco de ser enganados. E no conjunto da obra, percebe-se que a sociedade não está sabendo aproveitar do poder que ela passou a ter nas mãos. Se um dia a queixa era a existência de uma mídia manipuladora, centralizada, hoje podemos afirmar que existe uma mídia leviana e superficial. Só que com uma diferença, antes éramos manipulados pelos outros, hoje somos bestializados por nós mesmos.
A mentira parece estar tomando conta das redes sociais ao ponto de se tornar verdade. E neste estágio, infelizmente, ela começa a se tornar um grande perigo. Pois passamos não somente a aceitá-las, mas a propagá-las e defendê-las.
E o que fazer? Não há outro caminho senão frente a qualquer notícia procurar cruzar o máximo de informações, verificar a veracidade das fontes e na dúvida manter o silêncio para não correr o risco de propagar ainda mais uma falsa informação. Pois já diria o ditado popular, “muito ajuda quem não atrapalha”. Mas o ideal é sair da superficialidade da notícia, ler o máximo que puder conversar e procurar observar a quem interessa tal informação como ela está sendo mostrada. É difícil, mas torna-se uma boa atitude! E como não tem jeito de viver sem as mídias, que estejamos preparados para filtrá-las e usá-las da melhor maneira possível.
Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni.