Mauro Cid vira alvo da PF por plano de fuga com passaporte português

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Investigação apura tentativa de deixar o Brasil com ajuda de Gilson Machado. STF determina e depois revoga ordem de prisão contra ex-ajudante de Bolsonaro

Mauro Cid no STF - 09/06/2025
Mauro Cid no STF – 09/06/2025 (Foto: Gustavo Moreno/STF)
Conteúdo postado por Guilherme Levorato:

247 – A Polícia Federal cumpriu mandados nesta sexta-feira (13) contra o tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), no âmbito de uma investigação sobre tentativa de evasão ilegal do país. A informação foi divulgada inicialmente pela GloboNews, que também apurou, junto à defesa de Cid, que a ordem de prisão contra ele foi revogada antes de ser executada.

O caso está relacionado a um inquérito da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apura se Cid buscou utilizar sua cidadania portuguesa para obter um passaporte e, assim, burlar as restrições impostas pela Justiça brasileira para deixar o país, informa o g1. Ainda segundo os advogados, o militar foi conduzido apenas para prestar depoimento nesta manhã.

A investigação aponta que o plano contaria com o apoio de Gilson Machado, ex-ministro do Turismo durante o governo Bolsonaro. Machado foi preso em Recife por envolvimento direto na tentativa de emissão do passaporte junto ao consulado de Portugal.

A advogada Vânia Bittencourt, que integra a equipe de defesa de Mauro Cid, declarou à GloboNews que ele e seus familiares possuem documentos portugueses, como cidadania e carteira de identidade, mas que esses papéis não dão livre trânsito pela Europa. Ainda segundo ela, Cid estaria disposto a entregar a carteira de identidade portuguesa à Justiça e não teria intenção de deixar o país sem autorização legal.

As apurações revelaram que, já em janeiro de 2023, Cid tentava formalizar sua cidadania portuguesa. A Polícia Federal afirma ainda que encontrou arquivos no celular do militar confirmando essas tratativas. O envolvimento de Gilson Machado teria se intensificado em maio de 2025, quando ele teria atuado diretamente junto ao consulado português no Recife para viabilizar a emissão do passaporte.

Cid é um dos 31 réus — ao lado de Jair Bolsonaro — em ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado que visava reverter o resultado das eleições presidenciais de 2022 e manter o então presidente no poder. A denúncia apresentada pela PGR inclui crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e associação criminosa.

Ex-ministro Gilson Machado é preso pela PF sob suspeita de tentar facilitar fuga de Mauro Cid. Ex-ministro de Bolsonaro teria atuado para obter passaporte português a fim de facilitar fuga do país do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro

Gilson Machado
Gilson Machado (Foto: VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL)
Conteúdo postado por Paulo Emílio:

Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Policiais federais prenderam, na manhã desta sexta-feira (13), o ex-ministro do Turismo do governo de Jair Bolsonaro, Gilson Machado. Suspeito de participar de suposta tentativa de emissão de um passaporte português para que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, deixasse o Brasil, Machado foi detido no Recife (PE), por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

A Corte também autorizou os agentes federais a realizarem buscas e apreenderem documentos em endereços de Cid, em Brasília. Inicialmente, o STF tinha autorizado que Cid também fosse detido, mas revogou o mandado de prisão pouco antes de a PF cumpri-lo. Mesmo assim, o tenente-coronel foi conduzido à sede da Polícia Federal (PF), na capital federal, para prestar depoimento.

Em nota, a PF se limitou a confirmar o cumprimento dos mandados de prisão e de busca e apreensão, sem citar nomes. Contatada pela reportagem, a assessoria pessoal de Machado disse aguardar orientações dos advogados do ex-ministro para se manifestar acerca da prisão. Já o Partido Liberal (PL), ao qual Machado é filiado, informou que está acompanhando “com atenção” as informações sobre a detenção do ex-ministro e que aguarda mais esclarecimentos sobre o caso.

Empresário e sócio-proprietário de uma pousada de luxo em um destino paradisíaco de Alagoas, a praia de São Miguel dos Milagres, Machado presidiu a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e chefiou o Ministério do Turismo durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019/2022). Entre 2022 e 2024, disputou as eleições para o Senado e para a prefeitura do Recife, mas não conseguiu se eleger.

Sanfoneiro de uma banda de forró que se apresenta profissionalmente, Machado ficou marcado por aparecer tocando seu instrumento durante as transmissões ao vivo que Bolsonaro promovia com membros da equipe de governo.

Segundo o site de notícias G1, na última terça-feira (10) a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF a abertura de inquérito para investigar Machado. Ainda de acordo com o G1, a PF afirma ter indícios de que o ex-ministro atuou junto ao Consulado de Portugal no Recife para obter um passaporte português para que Cid deixasse o Brasil.

Consultada pela Agência Brasil, a assessoria da PGR informou que a investigação está em segredo de justiça e que, por isso, detalhes sobre o caso não estão sendo divulgados.

O filho do ex-ministro, Gilson Filho, também se manifestou a respeito da prisão do pai.

“Estou muito triste com isso. O meu pai é um exemplo para mim e me ensinou valores importantes como integridade e família. Nunca cometeu um crime em toda a sua vida. Honro esses ensinamentos e estarei junto dele e da minha mãe, apoiando meus pais neste momento.”

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