Masoquismo

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Por Maurício de Novais Reis*

A sexualidade sempre esteve presente nas teorizações do médico austríaco Sigmund Freud, conhecido como pai da psicanálise. No interior de sua investigação dos fenômenos psíquicos frequentemente são encontrados elementos da sexualidade, desde a sexualidade infantil até mesmo nos desdobramentos do desenvolvimento libidinal no decorrer da vida do sujeito e suas implicações na transferência.

Deste modo, Freud pensou a psicopatologia psicanalítica dentro das estruturas clínicas conhecidas como neurose, psicose e perversão. Todavia, a psicanálise não trabalha (ou pouco trabalha) com o conceito de psicopatologia na qual existe uma classificação diagnóstica, em decorrência das implicações epistemológicas que o conceito encerra na teorização das disciplinas do psiquismo, especialmente na psiquiatria moderna, cuja dissonância diante do arcabouço teórico psicanalítico mostra-se irrefragável.

No interior das estruturas clínicas sancionadas no corpus teórico-metodológico da psicanálise, chama-nos especial atenção as denominadas perversões (a psiquiatria utiliza o vocábulo parafilias); perversão era o termo empregado pelos sexólogos para designar as práticas sexuais consideradas como desviantes da norma sexual socialmente aceitas. Em 1896, Freud adotou o conceito para designar, na psicanálise, os desvios das normas de sexualidade até então aceitas, porém, excluindo definitivamente o teor pejorativo que o recobria e inscrevendo-o numa estrutura tripartite, juntamente com a neurose e a psicose.

Na estrutura clínica denominada de perversão, designa-se masoquismo uma perversão sexual na qual o prazer advém do sofrimento vivenciado pelo sujeito em estado de humilhação, que pode incluir fustigação, humilhação moral e física, flagelação, castigos físicos e psíquicos que produzem no indivíduo profundo sentimento de satisfação e excitação. O termo masoquismo deriva-se do nome do escritor Leopold von Sacher-Masoch. Posteriormente, derivado do nome do escritor francês Donatien Alphonse François (conhecido como marquês de Sade) surge na teorização psicanalítica o vocábulo sadismo, cujas “finalidades” do desejo do indivíduo ocorrem em contraponto às “finalidades” do desejo do indivíduo masoquista. Enquanto o masoquista satisfaz-se com o sofrimento vivenciado, o sádico obtém excitação e satisfação mediante a experiência de sofrimento infligido a outro indivíduo, regozijando-se de presenciar o sofrimento experimentado pelo indivíduo.

Ambas as terminologias, acopladas, originaram o conceito amplamente difundido conhecido como sadomasoquismo, cuja inscrição produz justamente o sentido de complementaridade do gozo perverso. Compreenda-se: se o masoquista goza com o sofrimento experimentado no próprio corpo (real ou imaginário), o sádico goza em testemunhar o gozo masoquista.

Em teoria não existe união mais perfeita.

*Mauricio de Novais Reis é Graduado em Pedagogia, Graduado em Filosofia, Especialista em Teoria Psicanalítica, Professor no Colégio Estadual Democrático Ruy Barbosa e Coordenador Pedagógico na Escola M. Prof. Sheneider Cordeiro Correia. Contatos: (73) 99928-0460 / (73) 98885-3463.