A falta de estrutura, principalmente nos hospitais públicos, é o principal fator responsável pela crescente queixa de violência contra médicos e profissionais da saúde. Essa é a conclusão da pesquisa Percepção da Violência na Relação Médico-Paciente, encomendada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), respondida por 617 médicos, entre setembro e outubro, e da Sondagem sobre Violência aos Profissionais de Enfermagem de São Paulo, realizada pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (COREN-SP), com a participação de 4.293 profissionais de enfermagem, de outubro a dezembro.
“Embora estes episódios ocorram também na saúde suplementar, a falta de condições de trabalho, de profissionais, de aparelhos e medicamentos, assim como a consequente espera por atendimento no serviço público acarreta em estresse nos pacientes, acompanhantes e nos próprios médicos, que não foram treinados para essa situação de conflito. Essa violência impacta diretamente na população, na assistência”, explicou o presidente do Cremesp, dr. Bráulio Luna Filho.
A presidente do Coren-SP, Fabíola Campos de Braga Mattozinho, também aponta a estrutura deficitária como fator preponderante para os atos violentos. Ela vai além e atribui esse aumento à omissão das autoridades e o fato dos agredidos declinarem de registrar queixa na polícia. Segundo o levantamento feito pelo órgão da Enfermagem, 87,51% dos que sofrem agressão não denunciam. Dos casos registrados, apenas 4,68% obtêm sucesso na resposta.
“Precisamos de uma ação conjunta com o poder público e acabar com a ideia de que a agressão é normal. Os enfermeiros, auxiliares e técnicos estão na linha de frente da assistência e sofrem constantemente agressões verbais, psicológicas e físicas. O fato de ser uma classe composta majoritariamente por mulheres só agrava o quadro de violência. Precisamos sair do silêncio”, afirmou Fabíola.
Os dados das pesquisas são alarmantes: 47% dos médicos entrevistados possuem conhecimento de episódios de violência com algum colega e 17% sofreram efetivamente algum ataque. Dos agredidos, 84% foram atacados verbalmente, 80% sofreram agressão psicológica e, 20%, violência física. Entre os profissionais de enfermagem que participaram da sondagem, 77% foram vítimas de alguma investida no ambiente de trabalho. Em 53% desses casos, o paciente foi o agressor. Desses, 81,54% afirmaram que sofreram violência psicológica, 23,77%, violência física e 10,68% relataram assédio sexual.
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