‘Maior trio elétrico do mundo’ tem bar privativo e aluguel de R$ 50 mil por dia

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Conhecido como o maior trio elétrico do mundo, o “Dragão” vai desfilar em seis dias do carnaval 2017 de Salvador, a partir desta quinta-feira (23). A estrutura tem dois camarins para músicos, elevador, banheiros, além de bar privativo para convidados. O aluguel do trio para eventos como a folia da capital baiana não sai por menos de R$ 50 mil por dia.O G1 fez um tour pelo trio, que passou por vistoria da prefeitura no Parque de Exposições e recebeu os últimos ajustes junto com outros trios elétricos para a festa.

Esse ano, o trio participa do 13ª carnaval desde que foi criado e será comandado pela primeira vez na folia pela Banda EVA, que desfila na quinta-feira (sem cordas), na sexta e no sábado, no circuito Dodô (Barra-Ondina), com o Bloco EVA. O trio também será puxado pelo cantor Durval Lelys, um dos que ajudaram a idealizar o Dragão em 2005 e que já é veterano em apresentações no trio, no domingo, segunda e terça, com o Bloco Me Abraça, também no circuito Dodô.

Somente com as seis apresentações, o dono do trio, o empresário Cristiano Rezende, pretende faturar R$ 300 mil. “O carnaval é o período de maior rentabilidade do Dragão, é o natal do trio elétrico”, brinca, fazendo alusão a uma das épocas do ano de maior movimentação para o comércio varejista. Ele afirma que o trio é considerado o “maior do mundo” porque não se tem notícia de nenhum outro que seja composto por duas carretas. Não há, no entanto, nenhuma pesquisa que comprove que o Dragão realmente seja o maior do planeta.

Trio Dragão vai desfilar em seis dias no carnaval de Salvador (Foto: Alan Tiago Alves/G1)Trio Dragão vai desfilar em seis dias no carnaval de Salvador (Foto: Alan Tiago Alves/G1)

O trio elétrico é composto por duas carretas acopladas e tem, ao todo, 34 metros de cumprimento, o que equivale a um prédio de 11 andares — os demais trios do carnaval de Salvador não passam de 24 metros de extensão.

O nome “Dragão” foi dado pelo tamanho do trio, que foi fonte de inspiração até para composição de músicas como “Quebra Aê” e “Suba no Meu Trio”, gravadas por Durval Lelys ainda na época da banda Asa de Águia. Para os eventos, o equipamento é revestido por uma pintura que simula as “escamas” de um dragão. A cabeça do bicho é montada na carroceria do trio. Durante a visita doG1, a decoração ainda não tinha sido colocada.

Galerado bloco Me abraça curte a apresentação de Durval na Barra. (Foto: Marcio Reis/Ag Haack)
Trio Dragão sendo puxado por Durval Lelys no carnaval de 2015. (Foto: Marcio Reis/Ag Haack)

No quesito altura, o equipamento é parecido com os demais: 6 metros. O “Dragão” tem, ainda, cinco metros de largura e dois andares e conta com 69 amplificadores, 400 auto-falantes e 2 mesas de som, além de cerca de 200 mil watts de potência.

A carreta que fica na frente é destinada às atrações — tem capacidade para 60 músicos. Os artistas têm à disposição dois camarins e três banheiros. Também há um elevador panorâmico que leva os músicos dos camarins para o palco.

Os artistas podem, ainda, utilizar o mesmo elevador para descer do palco principal para um mini-palco que fica na laterial do trio, na altura do primeiro andar, e que permite uma maior aproximação com os foliões. O trio tem ainda um terceiro palco, chamado de “palco redondo”, que fica entre a primeira e a segunda carreta. O palco, que é móvel, permite que os artistas sejam posicionados mais perto dos foliões que estão em cma do trio e também nos camarotes dos circuitos da festa.

Dono mostra um dos dois camarotes do trio Dragão (Foto: Alan Tiago Alves/G1)Dono mostra um dos dois camarotes do trio Dragão (Foto: Alan Tiago Alves/G1)

Na segunda carreta, que vem logo atrás, ficam os convidados dos artistas e dos patrocinadores. O espaço tem capacidade para comportar até 100 convidados, que têm à disposição seis banheiros (três masculino e três femininos) e até um bar, no primeiro piso, acessado por meio de uma escada.

“Hoje, o que diferencia o Dragão dos outros trios, o principal é o tamanho. Ele é considerado o maior trio do planeta, por se tratar de duas carretas, enquanto os outros são formados por uma carreta só. Ele consegue atender melhor as bandas e os convidados pelo tamanho, pela comodidade. O bar, por exemplo, permite que as pessoas comprem as bebidas aqui mesmo e evitem sair do trio e ir para o meio do bloco para fazer isso isso”, destaca Rezende.

Área do palco onde os artistas se apresentam no trio Dragão (Foto: Alan Tiago Alves/G1)Elevador leva artistas de camarins ao palco no trio Dragão (Foto: Alan Tiago Alves/G1)

Enquanto, por um lado, o carnaval é o período do ano mais rentável, por outro também acaba sendo a época em que mais dinheiro é gasto com a manutenção do Dragão. Os custos chegam à casa dos R$ 100 mil.

“É uma rentabilidade maior, mas gasta-se mais com tudo que a gente faz de manutenção, desde o pneu que roda até os altos falantes, pintura, troca de adesivos, luz, som, carreta, tudo que imaginar de manutenção. Tem também troca de cobertura, de lona. Durante o ano, a gente faz manutenções preventivas, mas é no perído que antecede o carnaval que ocorre uma manutenção mais geral”, afirma.

Banheiros feminino e masculino para convidados ficam no primeiro andar do trio (Foto: Alan Tiago Alves/G1)Banheiros feminino (à esquerda )e masculino para convidados ficam no primeiro andar do trio (Foto: Alan Tiago Alves/G1)

O dono destaca que, anualmente, o trio participa de eventos em cerca de oito a dez estados do Brasil, como Bahia, São Paulo, Ceará, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná. “Fora o carnaval, o custo maior é com manutenção para locomoção, já que percorremos muitos estados. Além disso, para se ter um trio, hoje, a gente sempre tem que estar alcançando e seguindo as novas tecnologias e sempre estar trazendo coisas novas, modernidade”, diz.

Trio Dragão conta com um bar privativo para convidados no primeiro andar (Foto: Alan Tiago Alves/G1)
Trio Dragão conta com um bar privativo para convidados no primeiro andar.| (Foto: Alan Tiago Alves/G1)

Rezende afirma, ainda, que a crise que afeta a economia brasileira nos últimos tempos reduziu o número de participações do “Dragão” em carca de 30% dos eventos pelo país.

“Em média, hoje, a gente chega participar de um total de oito a até 12 eventos por ano. Antes, esse número era bem maior. Isso em função da crise que afeta todo o setor. Mas, mesmo quando [o trio] não vai atender a uma banda específica, ele vai como uma atração a parte do evento. Conseguimos rodar bastante não só no segmento do axé, do carnaval, como também com o sertanejo, em rodeios e eventos de música eletrônica”, diz.

Rezende conta que o dragão foi criado em 2005, numa parceria com um empresário do Espírito Santo e junto com o Durval Lelys. “Fizemos essa idealização do projeto e logo depois ele [o trio] veio para a nossa produtora, que hoje é a responsável por ele. E já faz 12 anos que a gente está com o Durval em parceria. Ele foi um dos padrinhos. Desde que foi criado, o Dragão sai todos os carnavais com ele e com outras bandas em outros blocos também”.

Trio Dragão passa pelos últimos ajustes antes participação no carnaval de Salvador (Foto: Alan Tiago Alves/G1)Trio Dragão passa pelos últimos ajustes antes participação no carnaval de Salvador (Foto: Alan Tiago Alves/G1)