Itamaraju – O delegado Gean Nascimento, titular da Polícia Civil de Itamaraju, acaba de receber o relaxamento da prisão, expedido pela juíza Michelle Menezes Quadros Patrício, que mandou soltar Gilberto Tavares, homicida confesso do empresário teixeirense Antônio Marcos Rodrigues da Silva, o “Marquinhos da Camauto”, de 33 anos.
A decisão da juíza Michelle Quadros, titular da Vara Criminal de Itamaraju, levou como base uma solicitação dos advogados que defendem os interesses de Gilberto Tavares, tendo em vista que o flagrante foi “quebrado” após uma segunda versão dada pela professora Zenalle Coimbra da Silva, de 52 anos, essa que disse inicialmente ser amante de “Marquinhos da Camauto”, mas depois foi descoberto que a mesma não fora o pivô do crime, mas, sim, a esposa de Gilberto Tavares, Jerusa Santos de Jesus, de 28 anos. Conforme apurou a polícia, Jerusa mantinha contato de amizade através do Orkut com o empresário Antônio Marcos, e após uma briga com o esposo Gilberto teria insinuado um relacionamento fora do casamento.
A mudança de versão prolongou o prazo entre a prisão e o indiciamento, quando o flagrante deixou de existir e o inquérito passou a correr de forma regular, ficando a prisão passiva de relaxamento. A partir desse momento Gilberto Tavares fica em liberdade provisória até decisão posterior da justiça. Por Ronildo Brito
Entenda o caso
Delegado Marcus Vinícius conclui inquérito da morte de “Marquinhos da Camauto”
Teixeira de Freitas – O delegado-chefe da 8.ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin), em Teixeira de Freitas, Marcus Vinícius, deu por esclarecido e concluído, na tarde de sexta-feira (21/10), o inquérito policial que apurou o assassinato de Antônio Marcos Rodrigues da Silva, o “Marquinhos da Camauto”, de 33 anos, sócio-proprietário da Camauto Caminhões e Automóveis, em Teixeira de Freitas, que desapareceu por volta das 10 horas de terça-feira do último dia 4 de outubro, quando teria saído na companhia de um suposto cliente, que lhe rendeu e o conduziu até o local da consumação do assassinato, no município de Itamaraju.
Segundo o delegado-coordenador Marcus Vinícius, da 8.ª Coorpin, o assassino Gilberto Tavares da Silva Júnior, 31 anos, emboscou, matou e carbonizou o corpo do empresário “Marquinhos da Camauto”, 33 anos, por ciúmes da sua esposa do casal, que por causa das inúmeras amantes que o marido possuía e diante das várias discussões do casal, a esposa Jerusa Santos de Jesus, de 28 anos, que era amiga de infância da vítima, teria simulado ao marido que também estava tendo um caso em Teixeira de Freitas, apenas para irritar o esposo, mesmo, segundo ela, nunca ter tido nenhum relacionamento ou contato pessoal com “Marquinhos”, sendo que a sua relação com ele era apenas pela internet e não lhe encontrava pessoalmente desde a adolescência, tendo em vista que eram conterrâneos da cidade de Lajedão e as suas mães são comadres.
A esposa do autor ainda acrescentou no seu novo depoimento que ao tentar se engrandecer perante o marido, confessando o possível amante que também teria e dizendo também quem seria a pessoa, objetivando se vingar ilusoriamente do companheiro diante das diversas amantes que possuía e que lhe causava grandes constrangimentos na cidade de Itamaraju, ela não imaginava que ele seria capaz de arquitetar tal monstruosidade matando friamente o seu amigo de infância. Até porque, lembra ela, Gilberto, ao saber de tal fato, se demonstrou normal e, por isso, não imaginava, disse ela, que o marido Gilberto Tavares fosse capaz de ir atrás do rapaz e matá-lo por ciúmes, alegando que a vítima morreu inocentemente por causa de um fato (traição) que, na verdade, nunca existiu.
Para matar o empresário Antônio Marcos Rodrigues da Silva, o “Marquinhos da Camauto”, 33 anos, Gilberto Tavares da Silva Júnior, de 31 anos, conseguiu emprestado o revólver 38, marca Rossi, com a pessoa de João Fernandes Leal de Souza, o “Fernando”, 38 anos, o qual, por sua vez, havia pegado emprestado com o amigo Adailton de Jesus Dantas, o “Nem”, 39 anos, ambos do bairro Várzea Alegre,em Itamaraju. Inicialmente, Gilberto Tavares havia dito também que cometeu o crime na companhia de Maxsuel Silva Medeia, o “K2”, que embora ele já tenha registrado passagens pela polícia não se evidenciou nenhuma prova que lhe mantivesse preso.
No dia do crime, Gilberto Tavares pegou um carro (Celta Preto) emprestado de uma de suas amantes, a professora Zenalle Coimbra da Silva, 52 anos, alegando que iria à Fazenda Café Norte fechar um emprego, com o qual veículo Gilberto utilizou para emboscar e render a vítima no dia do crime, sendo que às 12h30min, ele devolveu o carro e se demonstrou nervoso, sendo que quase toda hora ligava para a professora perguntando se estava tudo bem, até que no início da noite do dia seguinte a Polícia Civil abordou a professora em casa e, na sequência, prendeu Gilberto Tavares.
O corpo de “Marquinhos” foi encontrado já por volta 21 horas de quarta-feira, do último dia 5 de outubro, dentro de um plantio de café nos pertences da Fazenda Café Norte, no município de Itamaraju, à beira de uma estrada vicinal, entrando à direita, a2,4 quilômetros, no sentido de quem segue de Teixeira de Freitas para Itamaraju. E conforme o perito criminal Marco Antônio, o jovem empresário foi morto com um único tiro por trás da cabeça, que lhe atingiu a nunca, cujo projétil fez um círculo no crânio da vítima e exalou no mesmo sentido da cabeça, onde também o assassino ateou fogo em seu corpo, que foi parcialmente carbonizado, e os braços de “Marquinhos” estavam lacrados por uma algema plástica, espécie “Braçadeira”.
O delegado-chefe da 8.ª Coorpin, Dr. Marcus Vinícius, que coordenou a operação e esclareceu o crime, disse que, realmente, toda motivação para se chegar à morte de “Marquinhos da Camauto” foi a invenção da esposa de Gilberto, em ter lhe dito que estava tendo um caso com a vítima. O delegado esclarece que todos os sigilos telefônicos e de informática foram quebrados, e ficou realmente provado que até as discussões do casal por telefone davam conta deste ciúme, provocado pela invenção da existência do possível amante da esposa do autor.
Constatou-se também que o único contato da vítima com a esposa do autor era puramente pelo site de relacionamento Orkut, mas sem conteúdo que comprovasse alguma ligação amorosa entre os dois. Com a confissão da esposa que estaria tendo um amante, Gilberto se sentiu traído e passou a arquitetar a morte de “Marquinhos”, tendo em vista que o autor sabia que a esposa estudava na Uneb, em Teixeira de Freitas, e poderia ter facilidades para promover encontros com o colega de infância.
A esposa de Gilberto Tavares, a jovem senhora Jerusa Santos de Jesus, 28 anos, é filha de uma senhora que é comadre da mãe de “Marquinhos” (a mãe dela batizou o irmão da vítima). Ela conta que realmente foi colega de infância de “Marquinhos” na cidade de Lajedão, e há cerca de 1 ano lhe reencontrou no site de relacionamentos Orkut, quando começaram a manter contato, mas neste período ela nunca havia lhe encontrado pessoalmente, tanto que no início de 2011 esteve na casa da sua mãe em Itamaraju na companhia da mãe dele, mas ela não lhe viu, porque estava trabalhando com um projeto geográfico na zona rural.
O titular da Polícia Civil de Itamaraju, delegado Gean Nascimento, que presidiu o inquérito policial do caso, em razão do crime ter se consumado no seu município de base, concluiu o procedimento enquadrando o autor Gilberto Tavares da Silva Júnior, 31 anos, em conformidade com o Artigo 121, Parágrafo 2.º, Incisos II e IV, agravado pelo Artigo 211 do Código Penal Brasileiro, por crime de homicídio qualificado, motivo fútil, à traição, de emboscada e uso de recurso que dificultou e tornou impossível a defesa do ofendido, bem como, pelo crime de ocultação de cadáver – destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele.
O delegado Gean Nascimento ainda indiciou a pessoa de Adailton de Jesus Dantas, o “Nem”, 39 anos, por crime de porte ilegal de arma de fogo em conformidade ao Artigo 14 da Lei 10.826/2003, o qual era o dono do revólver calibre 38 utilizado pelo autor, que teria arranjado a arma para um amigo, que, por sua vez, a emprestou a Gilberto Tavares, e com a arma em mão este praticou o crime.
A mulher que mantinha uma relação extraconjugal com Gilberto Tavares e dona do celta preto utilizado pelo autor para emboscar e conduzir a vítima até o local do crime, a professora Zenalle Coimbra da Silva, 52 anos, que embora não tenha tido nenhum conhecimento ou participação no crime, acabou também sendo indiciada por crime de falsidade ideológica conforme o Artigo 299 do Código Penal Brasileiro, por ter prestado falso testemunho à Polícia Civil ao tentar se passar como pivô dos ciúmes que motivaram o autor a matar “Marquinhos da Camauto”, que mesmo tendo confessado que foi coagida pelo autor a mentir no seu testemunho por ocasião que se sentou ao lado dele na madrugada da sua prisão, mas a sua declaração inicial, alterou a verdade sobre fato juridicamente relevante, portanto, foi também indiciada. Por Athylla Borborema.