Israel avisou soldados do risco de prisão por crimes de guerra em viagens ao exterior, diz Haaretz

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Jornal afirma que Forças de Defesa israelense faz ‘avaliação de risco’ de países para evitar investigação e prisão; militar israelense fugiu do Brasil

Por Duda Blumer / São Paulo

Segundo o jornal israelense Haaretz, citando um relatório das Forças Armadas, cerca de 30 soldados foram alertados pelas IDF. Destes, oito soldados que estavam no Chipre, Eslovênia e Holanda, foram “imediatamente avisados ​​para retornar por medo de serem presos ou interrogados pelo país que estavam visitando”.

O relatório disse que o alerta do exército foi direcionado particularmente aos reservistas, já que militares da ativa não podem viajar para o exterior sem aprovação prévia. Segundo o exército de Tel Aviv, soldados que serviram em Gaza não são proibidos de viajar para o exterior, mas são submetidos a uma “avaliação de risco” após solicitarem às IDF.

“Os reservistas das IDF que lutaram em Gaza estão sendo aconselhados a primeiro verificar com o Ministério das Relações Exteriores o nível de perigo em qualquer país que desejam visitar”, escreveu o Haaretz. De acordo com o jornal, o exército toma a decisão com medo de que além de ações locais, seus soldados possam ser acusados de acordo com o Tribunal de Haia, baseadas em evidências como fotos publicadas em suas redes sociais de suas atuações no enclave e de suas viagens.

Haaretz disse ainda que o governo israelense está preparando um plano para ajudar a evacuar soldados da reserva no caso de sua prisão em países estrangeiros, além de agir na contratação de advogados nos respectivos países para facilitar o processo.

Nesse contexto, foi formado um órgão conjunto incluindo o Ministério das Relações Exteriores, Justiça e departamento de Relações Internacionais do exército.

“Israel dará total apoio por meio de seus escritórios diplomáticos locais a qualquer soldado que seja preso ou detido para interrogatório, ou que se sinta ameaçado por ativistas enquanto estiver no exterior”, afirmou a IDF, citada pelo Haaretz.

idfonline/X
FDI disse que alerta foi direcionado particularmente aos reservistas, já que militares da ativa não podem viajar para o exterior sem aprovação prévia

Neste contexto, Yuval Vagdani, soldado israelense que passava férias no Brasil que tornou-se alvo de investigação determinada pela Justiça Federal brasileira em resposta a uma denúncia feita pela Fundação Hind Rajab, fugiu do país por conta própria no último final de semana, segundo a Embaixada de Israel no Brasil.

A rádio oficial do exército israelense informou que o governo de Tel Aviv acompanhou todo o trajeto para saída do militar do país. Em um comunicado, a HRF condenou a fuga do soldado, acusando Israel de orquestrar sua partida para obstruir a justiça.

Caso no Brasil

Organizações de direitos humanos têm rastreado soldados e aberto processos judiciais contra eles por participarem do genocídio em andamento no enclave palestino. Ações judiciais teriam sido movidas na África do Sul, Sri Lanka, Bélgica, França e Brasil – todos países em que Israel já está em contato para impedir as investigações e prisões de seus soldados.

Em resposta a uma denúncia feita pela Fundação Hind Rajab, a Justiça Federal brasileira iniciou um processo de investigação contra o soldado israelense Vagdani, por supostos crimes de guerra praticados na Faixa de Gaza. A decisão foi emitida pela juíza federal Raquel Soares Charelli, da Seção Judiciária do Distrito Federal.

Vagdani estaria passando férias no Brasil, mais precisamente no Estado da Bahia, e é acusado de atuar na demolição de um quarteirão residencial na Faixa de Gaza, em novembro de 2024.

(*) Com Monitor do Oriente Médio e colaboração de Victor Farinelli

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