INVESTIGAÇÃO: Laudo identifica anestésico em fisiculturista morto na Hangar 677

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Polícia Civil investiga se a substância pode ter causado a morte de Allan Pontelo

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) mostrou que havia uma substância chamada cetamina no organismo do fisiculturista Allan Guimarães Pontelo, 25, morto em 2 de setembro na boate Hangar 677. A informação foi repassada pela defesa da empresa que fazia a segurança da boate e confirmada pela Polícia Civil.

Na última semana, a corporação chegou a divulgar que não foram encontradas drogas nem álcool no corpo do jovem. O delegado Magno Machado justificou nesta segunda-feira (2/10) que a cetamina é um medicamento. “As investigações vão continuar, só vou me pronunciar no final”, disse o investigador.

Segundo o coordenador do Centro de Referência em Drogas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Frederico Garcia, a cetamina é um anestésico que só pode ser usado no ambiente hospitalar, ou seja, não pode ser adquirido em farmácias. “O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) usa muito, o efeito é rápido”, acrescenta o médico.

Há alguns anos, a substância tem sido consumida para outros fins, diz Garcia. “Ela tem sido usada como droga e a overdose pode levar a parada respiratória”, explicou o coordenador. A substância causa um efeito de “bem estar”, conforme Garcia.

Há cinco anos, a cetamina tem sido utilizada em baladas no Brasil. Em países da Europa, como França e Inglaterra, a substância já é um problema para as autoridades há 15 anos, de acordo com Garcia. A cetamina pode ser injetada ou cheirada.

No laudo do Instituto Médico Legal (IML) repassado pela defesa da empresa de segurança Cy Security e Vigilância não há menção da quantidade de Cetamina encontrada no organismo do fisiculturista Alan Guimarães Pontelo.

O pai do fisiculturista, o técnico em eletrônica, Dênio Luiz Pontelo, 47, não acredita que o filho usava drogas. “Perante aos meus olhos, meu filho estava sempre lúcido. Falaram que ele morreu de overdose, mas não acharam drogas no corpo”, disse. O homem acredita que os comprimidos de ecstasy e os papelotes de cocaína encontrados com Pontelo foram “plantados” pelos seguranças. “Hoje faz 30 dias que meu filho morreu, quatro missas estão sendo celebradas em Sete Lagoas”, se emociona.

O técnico em eletrônica informou que, independentemente, da causa da morte do filho vai continuar lutando pelos outros. “Eram 5 (filhos), agora são quatro. Um casal de gêmeos que tem cinco meses. O maior médico e juiz é Deus”, finalizou.

Contradição

A causa da morte de Pontelo ainda não foi esclarecida. Somente o laudo da necropsia vai poder esclarecer o que de fato ocorreu com o jovem. Os organizadores do evento alegam que Pontelo foi encontrado com drogas e que, ao ser abordado pelos seguranças, ficou exaltado, e teve um ataque cardíaco. Já um dos amigos da vítima alegou que os funcionários da boate forçaram a saída dele do local. O corpo da vítima apresentava vários hematomas.

Por meio da nota, o advogado da empresa de segurança, Ércio Quaresma, informou que “não é e nunca foi nossa intenção criminalizar o rapaz, longe disso. Nós, mais do que ninguém, queremos a verdade, apenas isso. E na busca dessa verdade, não podemos ignorar nenhum fato que possa ajudar a elucidar o que aconteceu naquela noite”.

Por meio da assessoria de imprensa, a boate Hangar 677 informou que só vai se pronunciar por meio dos advogados da empresa Cy Security e Vigilância – que repassou o laudo. Por Aline Diniz de O Tempo online. Matéria correlata.

Jovem fisiculturista morre em boate de BH durante a madrugada

Causas da morte ainda são investigadas pela polícia

Um jovem fisiculturista de 25 anos morreu dentro da boate Hangar 677, no bairro Olhos D’água, na região do Barreiro, na madrugada deste sábado (2). As causas da morte ainda estão sendo apuradas, mas a versão preliminar da Polícia Militar dá conta de que Allan Guimarães Pontelo teria sido flagrado por seguranças usando drogas dentro do banheiro do estabelecimento.

A abordagem teria acontecido por volta das 3h da madrugada. O jovem teria tentado fugir do local após os seguranças constatarem que ele também portava quantidade significativa da droga.

De acordo com as primeiras informações da PM, depois de saltar grades de contenção, Allan teria caído no chão, já desacordado. Ao chegar no local, os policiais já encontraram o jovem sendo atendido pela assistência médica da própria casa de shows. Ele foi entubado e recebeu massagens cardíacas para ser reanimado, mas não resistiu.

Outra versão

Amigos do jovem que também estavam no estabelecimento alegam que Alan foi levado por seguranças que tentaram forçar a saída dele da boate. Ele teria sido agredido por seguranças, o que teria motivado o óbito.

Histórico

Não é a primeira vez que a boate Hangar 677 ganha repercussão com episódios tristes envolvendo a violência entre jovens. No dia 9 de setembro de 2016, o estudante de medicina Henrique Papini, de 22 anos, foi agredido do lado de fora do local. A violência teria sido motivada por ciúmes do ex-namorado da jovem que o acompanhava.

Pouco tempo depois, no dia 2 de novembro de 2016, um estudante de Direito, também de 22 anos, foi agredido por um grupo de rapazes na casa de shows. Um dos agressores teria dado uma pancada com uma barra de metal no rosto do estudante, que teve o nariz fraturado e partes de quatro dentes quebrados. O jovem precisou fazer cirurgia plástica para colocar uma prótese e reconstituir a face.

A reportagem tentou contato por telefone com a boate Hangar 677 mas até o momento as ligações não foram atendidas. Por Raul Mariano do Hojeemdia online.