Incontinência urinária e o envelhecimento estão relacionados e merecem atenção

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Incontinência urinária (IU) é a perda involuntária de urina. É um sintoma comum a diferentes situações, que pode ou não ter relação com o trato urinário. Por exemplo, quadros demenciais ou imobilidade no idoso podem causar IU, sem problemas urológicos específicos. O grande impacto ou repercussão é na qualidade de vida.
“A pessoa fica constrangida, deixa de praticar atividades físicas, desvia-se do convívio social, evita a ingestão de líquidos, preocupa-se e planeja seu trajeto de acordo com a disponibilidade de banheiros no caminho, afasta-se do cônjuge, além do gasto com absorventes e fraldas. A IU associa-se à depressão e outros distúrbios psiquiátricos. No idoso, as micções noturnas estão associadas a quedas, fraturas e até maior risco de morte”, explica o dr. Luis Gustavo Morato de Toledo, suplente delegado da Sociedade Brasileira de Urologia – Seccional São Paulo (SBU-SP).
Na mulher, as causas mais frequentes são a Incontinência Urinária de Esforço (IUE) e a Bexiga Hiperativa (BH). A primeira se caracteriza por perdas relacionadas aos movimentos e esforços como tossir, espirrar, mesmo pouco tempo após a última micção, ou seja, com a bexiga vazia, sem vontade de urinar. No outro caso, predomina a urgência para urinar, sem poder adiar, ocorrendo a perda da urina devido à bexiga contrair e empurrar o líquido para fora, involuntariamente.
“É importante ressaltar que estas duas afecções podem coexistir em diferentes proporções, dificultando o diagnóstico e tratamento”, esclarece o urologista.
Na população de meia idade, a IU predomina entre as mulheres – para cada homem, cinco delas apresentarão queixa. Após os 60 anos, a prevalência nos dois sexos é aproximada, atingindo 35% dos idosos. Quando institucionalizados, esta prevalência sobe para 50%. “Prevenindo e tratando adequadamente as doenças crônicas, é possível prevenir este quadro”, acrescenta.
As cirurgias da próstata, principalmente para tratar o câncer, podem causar incontinência permanente em cerca de 5% dos casos. Sua prevalência aumenta signi­ficativamente com a idade, em virtude do envelhecimento da bexiga e próstata, mas também por associação a outras afecções crônicas, com diabetes, problemas cardiológicos e neurológicos.
“Por sua etiologia diversa e multifatorial, a investigação diagnóstica e o tratamento devem ser individualizados. É primordial deixar o paciente ter acesso a uma informação clara e completa sobre seu caso e as expectativas terapêuticas”, comenta dr. Luis Gustavo.
A ­ fisioterapia especí­fica para o assoalho pélvico feminino auxilia na prevenção e tratamento da IU. Já a IUE pode ser tratada com cirurgia, por meio de uma ­ fita sintética colocada transversalmente sob a uretra (Sling), com resultados ótimos quando bem indicado e tecnicamente bem realizado. Para BH, não há cura de­finitiva, somente o controle, com o uso de medicamentos orais, injeção de toxina botulínica na bexiga e neuromodulação sacral, o “marca-passo” da bexiga.
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