Por Guilhermina Elisa Bessa da Costa*
O processo de inclusão constitui um processo educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis para uma vivência em sociedade, com vistas a construção da cidadania. Desse modo, tais discussões assumem lugar central nos fóruns e congressos educacionais na tentativa de superação da lógica da exclusão, pois ainda existe um quadro expressivo de estudantes com dificuldades de aprendizagem e necessitam de uma avaliação e acompanhamento especializado.
Nesta perspectiva é relevante compreender que a Psicopedagogia é uma área do conhecimento que estuda a aprendizagem humana, objetivando facilitar o processo de aprendizagem não apenas no âmbito escolar, mas em todos os âmbitos: cognitivos, afetivos e sociais, proporcionando intervir junto ao ser que aprende, na perspectiva de evitar o fracasso escolar e facilitar os processos de aprendizagem. Do ponto de vista de Weiss (1991, p. 6), “a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores”.
Segundo Jorge Visca (1987), o objeto de estudo da Psicopedagogia é o processo de aprendizagem e de recursos diagnósticos e preventivos próprios, que viabiliza identificar os obstáculos que interferem diretamente no aprender. Através da avaliação psicopedagógica é possível identificar as causas das dificuldades e elaborar sessões de intervenção, em duas modalidades: clínica e/ou institucional. Entretanto convém ressaltar que a Psicopedagogia também é teórica na medida que busca refletir sobre a práxis e procura utilizar-se do processo de ação-reflexão-ação. A intervenção psicopedagógica não se limita apenas aos discentes e docentes. Estes principais parceiros no processo educacional não estão sozinhos: participa, também a família, pois o discente ao inserir-se na escola, traz consigo uma história vivida dentro do seu grupo familiar.
Nessa perspectiva é importante ressaltar que o conhecimento da psicopedagogia é relevante para minimizar os impactos da exclusão dos educandos que muitas vezes são rotulados e por vezes discriminados por apresentar sintomas de dificuldade na aprendizagem escolar. Torna-se urgente a visão e a prática de uma educação inclusiva e o respeito as diferenças, principalmente para os estudantes que possuem ritmos diferentes de aprendizagem e que algumas escolas impõem um formato rígido de aprendizagem, muito vezes em levar em conta as dificuldades apresentadas por cada educando e educandas.
Aprender exige espera e respeito as peculiaridades individuais e também aceitação das diferenças, na perspectiva de garantir o acesso e a permanência no sistema educacional, desde a educação infantil até o ensino superior, por isso é necessário compreender o processo de ensino-aprendizagem, conhecer as leis e resoluções que fundamentam as políticas públicas de inclusão e buscar formas de intervenção pedagógica e psicopedagógica com vistas a promover a inclusão.
Diante dessa realidade, ressaltamos a importância da interconexão dos saberes da docência para a educação inclusiva, não apenas para cumprir as normas e diretrizes dos marcos legais, mas acima de tudo para ressignificar a relação teoria e prática na prática pedagógica e estabelecer uma relação indissociável entre INCLUIR e EDUCAR dentro e fora da instituição escolar.
*Professora da UNEB – Universidade do Estado da Bahia / Campus X – Teixeira de Freitas. Psicopedagoga. Mestre em Gestão de Tecnologias aplicadas à Educação-GESTEC… Membro do grupo de pesquisa-TIPEMSE. Parceira institucional do PROGEI – Programa