Gustavo: um adolescente de alta moralidade

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Longe do espectro mundo da oposição à boa conduta, o juiz e príncipe da própria moral, que atende pelo pseudônimo Tavinho e mora na cidade de Medeiros Neto, numa atitude somente vista nos grandes homens, fez valer a intrínseca bondade que ritmiza a sua alma.

Nesses dias tão banalizados onde as pessoas são coisificadas e as coisas humanizadas, paremos subitamente diante do enlace da nossa descrença e renovemos nossa fé diante da magnânima e louvável responsabilidade moral do estudante Gustavo Gomes de Souza, de 15 anos. Ele percorria o caminho da escola quando avistou uma carteira. Apesar da ausência de pessoas no momento ele a deixou intacta, traçando normalmente o percurso que faz todos os dias de manhã. Ao chegar na Escola Municipal Ieda Alves de Oliveira, dirigiu-se à chefe de disciplina e, juntos, entregaram a carteira que continha R$ 1.200 em dinheiro, além de cheques e cartões de crédito.

As palavras do delegado Kleber Eduardo Gonçalves que descreveu o adolescente como “uma pessoa de alta moralidade” nos faz crer que ainda exista pessoas com o precioso bem do caráter  Diante do fato reconfortante fica latente o pensamento do escritor francês Antoine Rivarol: “A moral é filha da justiça e da consciência”. A consciência justa de Gustavo sobrepôs a dificuldade que ele e a família enfrentam diariamente, principalmente na época das enchentes quando tem, inevitavelmente, a casa, localizada na rua Ibirajá, na região conhecida em Medeiros Neto como Pó, invadida pela força das águas dos rios Itanhém e Água Fria. 

Gustavo é um pequeno grande homem, o verdadeiro herói que anda anonimamente entre a multidão, carregando consigo a religião da justiça com exímia naturalidade e caráter. A humildade e a honestidade deste jovem são frutos também de uma criação rígida que o molda nos bons princípios éticos e morais. Desde os cinco anos de idade Gustavo é criado pela tia paterna Maria Rosália, que, com o marido Adílson Gomes, de forma simples, vem cumprindo a árdua missão de educar o sobrinho como se fosse filho do casal. Ele, que na escola nunca ficou em prova final, sonha ser jogador de futebol e torce de coração para o flamengo.  

 Bom combatente e sonhador, Gustavo trilha pelo caminho do bem, que muitas vezes se apresenta estreito e difícil para àqueles que estão acostumados a agir de má fé. Empunhando o lastro da sua convicção em relação aos acontecimentos do seu cotidiano esse gigante adolescente caminha e luta discretamente a seu modo probo e disciplinado. Por excelência, então, esse magnífico menino muda o plano de fundo das tristes histórias que diariamente ouvimos e escrevemos. Ele nos dá um novo cenário e  quebra o ritmo das crônicas diárias carregadas de valores menores e atitudes duvidosas, espíritos pobres e essências indigentes.

Edelvânio Pinheiro é jornalista e graduado em Letras Vernáculas.